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Inhotim quer ajudar Brumadinho com acervo botânico, diz diretor

Museu responsável pela transformação da cidade em polo turístico de Minas Gerais também ofereceu terreno a brigadistas e tradutores para a equipe israelense

Por Ana Weiss
Atualizado em 29 jan 2019, 18h06 - Publicado em 28 jan 2019, 18h15

O Instituto Inhotim é conhecido mundialmente por sua megalômana coleção de arte contemporânea. Mas é de outro acervo do museu a céu aberto que nasce um dos primeiros programas de recuperação de Brumadinho, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte assolada pela onda de lama de rejeitos do rompimento da Barragem 1 da Mina do Córrego do Feijão, da Vale. Uma das propostas das comissões organizadas dentro da instituição é disponibilizar seu banco de sementes para a recuperação das áreas comprometidas pela terra metálica.

“Estamos ainda no mundo das ideias, pois evidentemente a nossa prioridade no momento é oferecer apoio ao resgate de desaparecidos e suporte aos nossos mais de quarenta funcionários com familiares ainda desaparecidos”, diz a VEJA o diretor executivo do Inhotim, o ator Antonio Grassi. O Inhotim tem 600 funcionários, diretos e indiretos. O número de desaparecidos ainda não é conclusivo. O diretor estima que 80% de seus funcionários moram ou têm parentes que vivem no curso da lama. “É um levantamento que estamos fazendo com o cuidado que a situação pede”, afirma.

O ator mineiro acumula um currículo de gestor cultural que inclui a Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro e a Funarte. Desde 2013 encabeça o museu que transformou a desconhecida cidade de Brumadinho em polo turístico mineiro. Ele conta que nenhum dos relatórios elaborados pela diretoria ambiental, desde que assumiu o cargo, passou perto de algum sinal de perigo vindo da Mina do Feijão. Questionado se concorda com os ambientalistas que acusam o governo do Estado de Minas Gerais de apressar o licenciamento de barragens de mineradoras expondo a população e a natureza a riscos como o de Brumadinho e Mariana, ele diz que compartilha do sentimento, mas prefere aguardar as avaliações técnicas.  

Grassi estava de férias em Lisboa, Portugal, quando recebeu a notícia da tragédia. Até chegar ao museu, no domingo 27, ele acompanhou remotamente a mobilização do Inhotim, que, por precaução, evacuou sua área imediatamente após a notícia do vazamento, mesmo estando fora do curso do rio de rejeitos. A lama cobriu toda a área administrativa da Vale, a pousada Nova Estância e parte do terreno da comunidade Vila Ferteco, além de estradas, como a que liga o Inhotim à residência de seu diretor executivo, em Casa Branca. A instituição será reaberta na sexta-feira 1º.

O papel do Inhotim nessa etapa da tragédia tem sido central. Além de oferecer o terreno para os brigadistas, o museu disponibilizou equipe de tradutores e intérpretes para viabilizar a comunicação entre a equipe de resgate israelense e a brasileira. “As formas de ajudar estão surgindo, e o Inhotim quer e pode contribuir com soluções alternativas para minimizar as perdas e recuperar a vida em Brumadinho.”

O Jardim Botânico Inhotim (JBI) mantém, propaga e propicia estudos com as espécies botânicas de seu acervo de aproximadamente 5.000 espécies, representando mais de 28% das famílias botânicas conhecidas no planeta. A ênfase do trabalho do JBI é dada às espécies ameaçadas, à conservação de recursos genéticos e à disposição das espécies de forma paisagística. A introdução de espécies pouco conhecidas de forma paisagística é uma das estratégias utilizadas para divulgar e sensibilizar os visitantes sobre a importância da biodiversidade vegetal para a sobrevivência humana

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