Inep vê possibilidade de Bolsonaro avaliar previamente questões do Enem
O novo presidente afirmou que vai discutir possibilidade dentro dos termos legais e que o presidente representa o 'anseio de mudança'
Marcus Vinícius Rodrigues, novo presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável por formular o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), disse que o instituto vai discutir possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro (PSL) avaliar as questões da prova antes de ser aplicada.
Rodrigues, que tomou posse na manhã desta quinta-feira 24, afirmou que ele próprio tem autoridade para ver a prova, mesmo que isso não seja praxe. Disse, ainda, que “o presidente foi legitimamente eleito com 62 milhões de votos” e que os assunto vai ser conversado dentro dos aspectos legais.
Após a aplicação do Enem 2018, que foi elaborado durante a gestão anterior, Bolsonaro fez críticas à prova, que classificou como “vexame” e “doutrinação exacerbada”. Ele disse que, quando assumisse a Presidência, o governo tomaria conhecimento do conteúdo do exame antes de sua aplicação.
“O presidente representa o anseio de mudança. Estou aqui dentro desse princípio. Vamos mudar o modelo, com responsabilidade, com coerência, dentro do legal”, disse o presidente do Inep.
Rodrigues deixou claro que mudanças serão feitas no Enem e que o banco de questões “não terá postura ideológica”. As perguntas da prova, segundo ele, deverão priorizar o que for necessário para medir o conhecimento. “Vamos respeitar nossas crianças e adolescentes”, afirmou.
O presidente do Inep, no entanto, foi enfático ao defender a segurança do exame. Nesta quarta-feira 23, em Davos, o presidente Bolsonaro em conversa com assessores chegou a citar o risco de “vazamento de prova” pelo PT. “Trabalhei em poucas empresas com níveis de segurança como a do Inep. A estrutura é muito segura. Isso nos deixa muito tranquilos”, disse Rodrigues.
Ideologias
Rodrigues, ainda nos primeiros minutos do discurso de posse, agradeceu a Deus por sua indicação ao cargo, citou família, pátria e criticou “ideologias e crenças” inadequadas nas escolas, que, segundo ele, teriam “origens em interpretações superficiais de pseudointelectuais ou de um oportunismo pseudo partidário”.
De acordo com ele, os principais objetivos do Inep são “uma nova escola, com novos paradigmas, que resgatem novos valores e tenham como diretrizes o respeito à família e à pátria”.
Ele também disse que pretende melhorar a qualidade, a confiança nos sistemas usados pelo instituto e reduzir custos.”Não é preciso necessariamente ter alto custo para realizar um bom trabalho. Podemos ter excelentes exames e itens com custo menor, otimizar nossas estruturas e processos, a parte tecnológica, com integração maior o que tornará mais eficaz”, afirmou.
(Com Estadão Conteúdo)