IBGE: Populações de Alagoas e Rio Grande do Sul já começam a cair em 2027
Projeções do instituto mostram que Brasil tem 210 milhões de habitantes hoje e que pico será de 220 milhões em 2041
As Projeções de População do IBGE mostram que o Brasil tem hoje 210.862.983 habitantes, mais do que os 203.080.756 registrados pelo Censo de 2022. O pico populacional, nos cálculos do instituto, será atingido em 2041, com 220.425.299. A partir daí, começa a queda da curva no país. No entanto, alguns estados começarão a ver redução bem antes disso. Alagoas e Rio Grande do Sul serão os primeiros a apresentar inflexão, ambos em 2027. Em seguida, será o Rio de Janeiro, em 2028.
No outra ponta, Roraima e Santa Catarina só passarão pelo processo a partir de 2064. Já o Mato Grosso é o único estado a não apresentar crescimento negativo até 2070, segundo a projeção.
Fecundidade em queda
O fator que mais pesará na queda populacional é o de fecundidade. De 2000 a 2023, o número de nascimentos caiu em 1 milhão, chegando a 2,5 milhões. Em 2070, serão de novos menos um milhão de nascidos, totalizando 1,5 milhão. A taxa de fecundidade
Em 2000, eram 2,32 filhos por mulher, taxa acima do nível de 2,1 necessário para que a população se mantenha constante a longo prazo. Só que o índice está em queda, atingindo 1,57 filho no ano passado. Para 2070, a projeção é de 1,50.
A queda acelerada pesou para a revisão pelo IBGE dos cálculos de decréscimo da população, antes prevista para começar a ocorrer em 2048. “A gente observou que desde 2018 os nascimentos caíram muito, de forma rápida. Havia essa tendência ainda antes da pandemia”, analisa Izabel Guimarães, gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do IBGE, ressaltando que não se sabe ainda o peso da Covid depois nesse processo. “Não sabemos em que medida a pandemia acelerou o processo de redução de nascimentos e se isso será recuperado ou não. Mas a gente entende que a queda vai continuar. Em 2023, os nascimentos decresceram ainda mais, o que antecipa esse momento de inflexão do crescimento populacional”.
Ela explica que, em 2016, a circulação do zika vírus e a crise econômica jogaram as taxas para baixo. “Depois de 2016, os nascimentos recuperaram um pouco, mas menos do que a gente tinha previsto. A quada foi maior. E os anos pandêmicos certamente afetaram esses componentes”, diz. As hipóteses consideradas pelo IBGE é de que haverá no futuro uma leve recuperação da fecundidade – mas com taxas ainda baixas -, mas que no curto prazo ela seguirá diminuindo. A tendência é que as diferenças entre os estados nesse índice caiam, havendo uma convergência até 2070.
A menor taxa de fecundidade no Brasl em 2023 era a do Rio de Janeiro, com 1,39 filho por mulher. Depois vêm Bahia e Distrito Federal, com 1,47. As maiores são de Roraima, com 2,26, e Mato Grosso, com 1,98.
“O nível de fecundidade caiu menos no Centro-Oeste. E Mato Grosso tem uma dinâmica diferente dos demais estados, porque recebeu muita migração nos últimos anos”, afirma a demógrafa do IBGE Luciene Longo. Ela diz que os resultados sobre a queda populacional no futuro também estão ligados ao fato de as mulheres estarem cada vez mais postergando a maternidade. “Hoje a maioria das mulheres tem filho entre 25 e 29 anos. Em 2070, haverá o pico, com mulheres entre 30 a 34 anos. A demora para ter filhos faz com que o número de crianças seja menor”, completa.