Gustavo Bebianno: o faixa-preta de alma gentil
O ex-ministro de Bolsonaro morreu no sábado 14, de infarto, aos 56 anos, em sua casa de Teresópolis
Gustavo Bebianno, advogado por formação profissional, nutria admiração antiga pelo então deputado federal Jair Bolsonaro quando, em 2014, começou a lhe enviar e-mails apresentando-se como fã. Na primeira oportunidade de aproximação, correu ao encontro do parlamentar, oferecendo-se inclusive para defender o já candidato à Presidência em vários processos. Os dois estreitaram os laços, Bebianno se tornou peça-chave na engrenagem da campanha e, mais tarde, ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Não durou, porém, mais do que 47 dias no governo que ajudou a montar. Bebianno foi defenestrado quando veio à tona um esquema de candidaturas-laranja no PSL, partido que presidia. Ele sempre negou responsabilidade pela farra das verbas distribuídas indevidamente, mas acabou na degola mesmo assim. Dizia que fora Carlos Bolsonaro, o Zero Dois, quem minara a amizade com o “capitão”. “Ele (Bolsonaro) tem conhecimento dos problemas do filho, mas não sabe como resolver a questão”, afirmou em entrevista às Páginas Amarelas de VEJA.
Formado pela PUC do Rio, com mestrado em finanças pela Universidade de Illinois, Bebianno havia sido recentemente lançado candidato à prefeitura do Rio pelo PSDB. Nunca se curou da ferida causada pelo banimento do governo. Tinha começado a escrever um livro que pensava batizar de O Primeiro Traído. Por trás do corpão de lutador faixa-preta de jiu-jítsu, havia um homem gentil, que escreveu em carta a Bolsonaro revelada após sua morte: “Recupere o Carlos pelo seu exemplo. Ele vai aprender. É um bom garoto”. Bebianno morreu no sábado 14, de infarto, aos 56 anos, em sua casa de Teresópolis.
Publicado em VEJA de 25 de março de 2020, edição nº 2679