Frente contra a jogatina espera que ‘tragédia das bets’ inviabilize cassinos
Senadores se mobilizam para derrubar definitivamente o projeto que legaliza também os bingos e jogo do bicho

Principal representante da Frente Parlamentar Por Um Brasil Sem Jogos de Azar, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) comemorou o adiamento da votação do projeto de lei que legaliza cassinos, bingos e o jogo do bicho no país. O Senado, porém, adiou para o ano que vem a apreciação da proposta no plenário.
Girão tem chamado a atenção dos colegas para o problema social que, segundo ele, foi provocado depois que as ‘bets” foram legalizadas no país. “A tragédia das bets pode inviabilizar o projeto dos bingos, cassinos e jogo do bicho”, diz ele. Ele lembra que beneficiários do Bolsa Família gastaram 3 bilhões de reais do benefício em apostas somente no mês de agosto.
A Frente ganhou recentemente o reforço até de parlamentares da bancada do governo, como os senadores Humberto Costa (PT-PE) e a senadora Eliziane Gama (PSD-MA). Os congressistas evangélicos também se posicionaram contra o projeto. Há resistência para a aprovação da jogatina também na oposição .
Fazenda e Planejamento são contra a aprovação do projeto
Os senadores contrários aos jogos receberam notas técnicas dos ministérios do Planejamento e da Fazenda contra a aprovação do projeto. O Planejamento lembrou que o pacote de jogos terá impactos sociais e econômicos negativos na população, principalmente nas faixas de menor renda.
O Ministério da Fazenda elencou mais alguns problemas . “Os jogos e apostas trazem potenciais externalidades negativas como, por exemplo, a dependência comportamental dos apostadores (transtorno do jogo patológico), uso para lavagem de dinheiro, fraudes e manipulação de resultados”, informou o Ministério da Fazenda.
Girão tem consultado especialistas para reforçar a posição contra a regularização. Um deles foi o economista Ricardo Gazel, que afirma que os bingos e cassinos não trazem receitas para o país, já que a grande maioria dos apostadores será mesmo de brasileiros que irão retirar dinheiro de outros setores da economia.
Segundo Gazel, as pesquisas mostram que os 4% da população que se viciam em jogos são responsáveis pela metade do faturamento de bingos e cassinos.