Estoques vazios e poucos clientes: o clima da reabertura comercial em SP
Com restrições e pouco movimento, comerciantes vão se adaptando à nova realidade; estimativa é de 20% de queda nas vendas no Dia dos Namorados
Depois de 82 dias com as portas fechadas, o comércio de rua e os shoppings reabriram em São Paulo nesta semana em meio a um clima de incertezas. Com uma série de restrições de horário e ações de higiene, os comerciantes buscam se readaptar à nova realidade de retomada gradual do movimento, enquanto os consumidores ainda se sentem inseguros em ir às compras.
A situação dos estoques ainda varia de estabelecimento para estabelecimento. Sem saber a data em que acabaria a quarentena, muitos lojistas suspenderam os pedidos aos fornecedores e estão com falta de produtos nas estantes. Outros, no entanto, sofrem com o problema inverso – estão com mercadorias acumuladas há meses e precisam escoá-las para trocar as coleções.
“Tem muita gente ainda sem mercadoria, mas o comércio de São Paulo é muito ágil e vai se recuperando aos poucos. O segmento de eletroeletrônicos deve voltar mais rápido, e o de vestuários deve ser mais lento”, diz Aldo Macri, diretor do Sindicato dos Lojistas de São Paulo. Ele calcula que nos últimos dois dias o comércio paulista teve um fluxo de 10 a 20% do movimento normal, sem a pandemia. “A exceção é a região da 25 de março e do Brás, que abastece os comércios do estado inteiro. Por isso, teve essa correria na semana”, completa.
ASSINE VEJA
Clique e Assine“É um clima ainda de cautela e incerteza, de não saber quando tudo vai voltar ao normal. Sem falar que a abertura ainda pode regredir. Nós acreditamos que não, mas vamos ver como vai ser”, diz Stepan Pilavjian, dono de uma loja de calçados na 25 de Março, que reabriu na última quarta-feira. “Eu renegociei os prazos por causa da pandemia. E de quarta para cá, os fabricantes me mandaram os pedidos que eu tinha feito em janeiro e fevereiro. Então, estou com sapato até o teto. A preocupação agora é botar esse estoque para fora”.
Com a reabertura, a Fecomercio chegou a recalcular as estimativas de queda nas venda para o mês de junho de 33% para 20% em relação ao mesmo período do ano passado. É uma perspectiva bem pessimista para o mês que tem a terceira melhor data do comércio, o Dia dos Namorados.
“Isso porque as famílias tiveram suas rendas reduzidas devido à alta do desemprego e do endividamento, com a intenção de consumo encolhida e focada apenas em produtos essenciais, como alimentos e remédios”, diz nota da federação. No primeiro semestre de 2020, a estimativa é de redução de11%.
Desde 1° de junho, a capital paulista está na fase 2 do Plano São Paulo, que prevê a reabertura parcial de estabelecimentos a funcionar diariamente com 20% de sua capacidade durante 4 horas, entre 11h e 15h. Clientes e funcionários são obrigados a utilizar máscaras e respeitar o distanciamento social, e os lojistas devem fornecer álcool em gel para os consumidores.