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Entenda situação de risco de colapso em bairro de Maceió

Cinco bairros da capital alagoana estão em afundamento desde 2018 por ação de petroquímica; veja mapa da região

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 dez 2023, 15h11 - Publicado em 1 dez 2023, 20h18

Em março de 2018, os moradores do bairro do Pinheiro, em Maceió, foram surpreendidos por um tremor de terra. O episódio era o início de um processo de rachaduras e afundamentos em imóveis e ruas que já atinge cinco bairros da capital alagoana e foi responsável pelo desalojamento de 55 mil moradores. O problema foi causado pela extração inadequada de sal-gema, usado na produção de cloro e soda cáustica, pela petroquímica Braskem.

Na última quarta-feira, 29, diante do risco de colapso de uma das minas da empresa no bairro do Mutange, a mina 18, a prefeitura da cidade declarou estado de emergência por 180 dias e iniciou a retirada de moradores de um bairro próximo também afetado pelo afundamento do solo, o Bom Parto.

Diante da movimentação que colocou a Defesa Civil municipal em alerta máximo, o mapa da área de risco foi atualizado e a gestão municipal solicitou ajuda federal para realocar os novos moradores atingidos pelo desastre em andamento. Com base em dados da prefeitura de Maceió, da Braskem e do Ministério Público Federal em Alagoas (MPF-AL), VEJA preparou este conteúdo para explicar o alerta de colapso que voltou os olhos do país para Maceió.

Por que os bairros de Maceió estão afundando?

Os bairros do Pinheiro, Mutange, Bom Parto, Bebedouro e Farol estão em uma área onde, a partir da década de 1970, houve a exploração de sal-gema. Na região, há 35 minas onde a retirada do insumo para produção de cloro, soda cáustica e PVC ocorreu de forma indevida. Em 2019, estudos do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM) constataram que as fissuras, rachaduras e afundamentos foram causados pela extração realizada pela petroquímica Braskem.

Qual é a área afetada pelos danos?

Segundo a prefeitura de Maceió, a região compreende 2,99 km².

Desde 2018, quantas pessoas foram deslocadas dos bairros que estão afundando?

Mais de 55 mil pessoas tiveram de sair dos cinco bairros atingidos.

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Quantas pessoas foram retiradas do Bom Parto desde o decreto de emergência? Quantas se negaram a sair?

Neste momento, há 25 pessoas abrigadas, tanto do Bom Parto quanto dos Flexais (de Cima e de Baixo). Outras foram para casas de familiares. Não há balanço sobre quantas quiseram permanecer.

Para onde vão os moradores desalojados?

Até o momento, seis escolas municipais foram selecionadas para receber os moradores e outras três estão de sobreaviso. Segundo a gestão municipal, as unidades têm capacidade para receber até 5 mil pessoas.

Onde está localizada a mina 18?

Em sobrevoo à região, o prefeito JHC (PL-AL) mostrou fissuras na mina e indicou que 60% dela está dentro da Lagoa Mundaú, na região do bairro do Mutange. Segundo a Defesa Civil, o trecho crítico fica onde funcionava o centro de treinamento do time alagoano CSA.

Confere a informação de que, em caso de colapso da mina 18, uma cratera de 300 metros de diâmetro se formaria no local?

Não. De acordo com a gestão municipal, não há uma previsão exata, mas uma estimativa de que teria um raio maior que cinco vezes o perímetro da mina.

O que está previsto em caso de colapso? O que pode acontecer com a Lagoa Mundaú?

Ainda não é possível prever. “Somente depois do colapso conseguiremos medir as consequências”, diz a prefeitura. Em nota, a Braskem informou que há duas possibilidades sobre o que pode ocorrer com a acomodação do solo da mina: “Um cenário é o de acomodação gradual até a estabilização; o segundo é o de uma possível acomodação abrupta”.

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Qual a atual situação das minas da Braskem?

Segundo a petroquímica, a extração de sal-gema em Maceió foi encerrada em maio de 2019 e as ações para o fechamento definitivo dos poços de sal estão previstas para terminar em 2025. Atualmente, 70% dos trabalhos foram concluídos.

A Braskem sofreu alguma punição?

No mês passado, a Justiça determinou que a petroquímica indenize o estado de Alagoas pelos impactos da atividade da empresa na capital. A Braskem estabeleceu um programa de compensação e, até maio deste ano, 18.994 propostas foram apresentadas aos moradores das áreas desocupadas, das quais 18.114 foram aceitas e 17.160 indenizações foram pagas. Também neste ano, assinou um termo de acordo com o município de Maceió para indenização no valor de R$ 1,7 bilhão.

Mapa da área de risco

Fonte: Gabinete de Gestão Integrada, que monitora o afundamento dos bairros

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