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“Eles mataram e arrancaram as cabeças”, diz agente no RN

Governo entrou na cadeia e retomou o controle de Alcaçuz na manhã deste domingo. Pelo menos dez pessoas foram mortas no massacre

Por Leslie Leitão
Atualizado em 4 jun 2024, 20h43 - Publicado em 15 jan 2017, 08h20

rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuzem Nísia Floresta, cidade vizinha a Natal (RN), chegou ao fim após mais de 14 horas. O motim começou por volta das 16h30 (no horário local, 17h30 no horário de Brasília) e, até a manhã de hoje, não havia sido controlado pelas autoridades estaduais.

Os detentos se renderam por volta das 7h deste domingo após a Tropa de Choque Militar entrar nos pavilhões e não houve troca de tiros, segundo a Secretaria de Segurança. O governo estadual confirmou dez mortes.

A maior penitenciária do Rio Grande do Norte, Alcaçuz tem cerca de 1.150 presos em um espaço com capacidade total para 620. Os presos teriam invadido o pavilhão 1 e o 5. O pavilhão 5 é uma unidade separada e que faz parte do Complexo de Alcaçuz. Atuam no Rio Grande do Norte, além do Primeiro Comando da Capital (PCC), o Sindicato do Crime do RN, rival do grupo paulista e mais próximo da Família do Norte e Comando Vermelho. A ação teria sido causada por uma briga entre o PCC e o Sindicato do Crime.

Em Alcaçuz, segundo fonte ouvida pelo jornal O Estado de S.Paulo, os pavilhões 1,2,3 e 4 são dominados pelo Sindicato do Crime RN e o 5 encontra-se com presos com algum tipo de ligação o PCC.

No fim da noite de sábado, um agente penitenciário que conseguiu escapar da rebelião de Alcaçuz, descreveu em detalhes como os detentos do Pavilhão 5 conseguiram invadir a unidade vizinha e iniciar o massacre.

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“Quem estava no pavilhão 4 eles mataram e arrancaram as cabeças. Os que conseguiram sair de alguma forma, escaparam. Quem ficou, morreu”, diz o agente numa gravação de pouco mais de três minutos. Até o fim da noite de ontem o governo admitia que o número de mortos era de pelo menos dez. Um vídeo obtido pelo site de Veja, no entanto, mostra uma carnificina com 17 vítimas.

“O número será bem maior. Mas só vamos saber oficialmente quando o Estado decidir retomar a cadeia”, diz uma fonte do Ministério Público, que acredita que ao menos 100 detentos ocupavam as celas do Pavilhão 4. Somente neste domingo, depois que a cadeia estiver retomada, será possível dimensionar o tamanho da barbárie. No depoimento gravado, o agente conta que por volta das 16h, logo após o encerramento do horário de visitas, presos do Pavilhão 5 começaram um motim.

Havia poucos agentes na unidade e quase todos fugiram: “Os colegas correram e deixaram um sozinho. Ele ainda subiu para armaria e pegou as armas para evitar que eles pegassem armas. Ele saiu com uma mochila com calibre 12, bombas, pistolas. Conseguimos resgatar ele antes que eles conseguissem chegar ao acesso principal do Pavilhão 5”, conta o agente. Depois disso, oito agentes penitenciários ficaram num hall de Alcaçuz e evitaram uma fuga em massa atirando contra os presos: “Eles tinham alguns revólveres 38, uma pistola, mas a gente abriu fogo e eles recuaram”, completou, revelando que os detentos do Pavilhão 1 se juntaram à rebelião, invadindo as cozinhas, subindo nos telhados e danificando as torres de controle.

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