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Defesa de João de Deus afirma não ter tido acesso a depoimentos

Para advogados do médium, pretexto de preservação de sigilo das vítimas impede 'o exercício do direito de defesa'

Por Agência Brasil Atualizado em 14 dez 2018, 21h25 - Publicado em 14 dez 2018, 18h04

A defesa do médium goiano João Teixeira de Faria, o João de Deus, afirmou, em nota divulgada nesta sexta-feira 14, que ainda não teve acesso aos depoimentos prestados por parte das centenas de mulheres que afirmam ser vítimas de abusos sexuais cometidos pelo médium ao longo de anos.

“Na última segunda-feira, 10, estivemos no Ministério Público estadual, em Goiânia, para obter cópias dos depoimentos prestados pelas vítimas e amplamente noticiados pela imprensa. O pedido foi negado sob o argumento da preservação do sigilo”, afirmam os advogados Alberto Toron e Luisa Moraes Abreu Ferreira na nota divulgada poucas horas após a Justiça de Goiás acatar o pedido do MP estadual e determinar a prisão preventiva do médium.

“É inaceitável a utilização de pretextos e artifícios para se impedir o exercício do direito de defesa. Sobretudo no que diz com o direito básico de se aferir a legalidade da decisão mediante a impetração de habeas corpus”, acrescentam os advogados, afirmando que nem mesmo o número do processo, que corre em segredo de Justiça por se tratar de crime sexual, foi informado à defesa.

Prisão

A decretação da prisão de João de Deus foi confirmada pela Secretaria de Segurança Pública de Goiás. Evitando entrar em detalhes, a pasta antecipou apenas que a Polícia Civil está empenhada em cumprir a determinação judicial, prendendo o médium.

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Os advogados de João de Deus não questionam, em sua nota, a decisão judicial, mas criticam a atitude do MP-GO. “Que a autoridade judiciária queira impor a [prisão] preventiva é compreensível, embora possamos discordar, mas negar acesso aos autos, chega a ser assombroso”, concluem os advogados, sem informar se seu cliente irá se apresentar à Justiça.

Procurado pela reportagem, o MP-GO preferiu não se manifestar sobre as críticas de Toron e Luisa Moraes. Mais cedo, a assessoria do órgão já havia informado que, por se tratar de processo em segredo de Justiça, nenhum dos cinco promotores que integram a força-tarefa criada para apurar as denúncias de abuso sexual iriam se manifestar.

Até esta quinta-feira, a força-tarefa tinha recebido 330 mensagens e contatos por telefone de mulheres que afirmam ser vítimas de crimes sexuais praticados pelo médium.

Promotorias de Justiça Criminais do Ministério Público de outros estados também estão recebendo denúncias e auxiliando o Ministério Público de Goiás na apuração, colhendo os depoimentos das denunciantes que não moram em Goiás.

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O médium, de 76 anos, fundou, em 1976, a Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, município goiano de 12 mil habitantes, a cerca de 110 quilômetros de Brasília e de Goiânia.

Memória

As denúncias começaram a vir a público na última sexta-feira, 7, quando o programa Conversa com Bial, da TV Globo, divulgou as primeiras denúncias de abuso sexual. A partir daí, outras mulheres que afirmam ser vítimas do médium começaram a procurar as autoridades e a imprensa.

Na quarta-feira, 12, em sua primeira aparição pública, o médium disse que é inocente e está à disposição da Justiça brasileira. “Irmãos e minhas queridas irmãs, agradeço a Deus por estar aqui. Quero cumprir a lei brasileira. Estou nas mãos da Justiça. O João de Deus ainda está vivo”, declarou o médium ao passar pela Casa Dom Inácio, onde permaneceu por menos de dez minutos antes de sair alegando passar mal.

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