
“Ele tem os olhos azuis de partir o coração.” Assim uma resenha americana definiu a atuação de Terence Stamp no filme O Vingador dos Mares, de 1962, como um marinheiro melancólico, que o levaria a ser indicado ao Oscar de ator coadjuvante (perderia para Ed Begley, de Doce Pássaro da Juventude). A beleza, associada à delicadeza da interpretação de quem começou no teatro, e cuja carreira nas telas se destacou com Teorema, de Pier Paolo Pasolini, logo levou Stamp a passear por outros estilos. Em O Colecionador, de 1965, ele foi um psicopata que adora borboletas e decide caçar humanos, em trabalho que o levaria a ganhar o prêmio de melhor ator em Cannes. Depois de uma década sumido das telas, voltou para iluminar ainda mais sua incrível versatilidade, na pele do supervilão Zod, em Superman II, de 1980, e de uma drag queen de meia-idade em Priscila, a Rainha do Deserto, de 1994 — sempre com elegância indizível. Morreu em 17 de agosto, aos 87 anos.
A cara do século XX

Avesso à autopromoção, o designer americano Joe Caroff ajudou a criar a imagem visual do século XX nas artes. De traço enganosamente simples — resultado de muita leitura, conhecimento histórico e pesquisa —, ele desenhou algumas das logomarcas e pôsteres de cinema e teatro mais facilmente reconhecíveis. É dele, por exemplo, a marca da franquia 007, o número estilizado como uma pistola, além dos cartazes dos musicais West Side Story e Cabaret e do drama Último Tango em Paris. Morreu em 17 de agosto, aos 103 anos.
Acordes discretos

Os artistas à sombra de grandes nomes são sempre fascinantes, personagens sem o devido reconhecimento público, mas fundamentais. Um deles foi Perinho Albuquerque, violonista, guitarrista e arranjador, o porto seguro de alguns dos trabalhos mais celebrados de Maria Bethânia, Gilberto Gil e Caetano Veloso. Ele foi o produtor de Álibi, de Bethânia, álbum lançado em 1978, e que ultrapassou 1 milhão de unidades vendidas — feito que apenas Roberto Carlos, o rei, alcançara. Álibi tem joias como Diamante Verdadeiro e Sonho Meu. Perinho é responsável também pela levada jazzística do violão que acompanha Caetano na reconstrução de canções dos Beatles, como Eleanor Rigby e For No One. Nos últimos anos, afastado da música, por cansaço de tanta briga por espaço, dedicava-se a construir barcos na Praia de Itapuã, na Bahia. Morreu em 15 de agosto, aos 79 anos, em decorrência de um AVC.
Publicado em VEJA de 22 de agosto de 2025, edição nº 2958