Corpos de dois assentados do MST mortos em ataque são velados em Tremembé
Polícia já prendeu um dos acusados e tenta prender os outros encapuzados que teriam participado do atentado

Os corpos de Valdir do Nascimento de Jesus, de 52 anos de idade, e de Gleison Barbosa de Carvalho, 28 anos, estão sendo velados hoje em Tremembé (SP). Os dois moravam no Assentamento Olga Benário, do MST. Ambos foram assassinados a tiros durante um ataque na noite de sexta-feira. O ataque deixou outras seis pessoas feridas, uma delas em estado grave.
Apontado como um dos responsáveis pelo ataque, Antônio Martins dos Santos Filho, foi preso no sábado e está colaborando com a polícia para identificar os outros homens encapuzados que participaram da ocorrência. O delegado Marcos Parra, da Seccional de Taubaté, informou que testemunhas ajudaram a identificar o autor dos crimes. O delegado disse numa entrevista coletiva que Antônio confessou o crime.
O velório de Gleison e Valdir começou às 8 da manhã de hoje e deve prosseguir até 13 horas. Parentes e amigos prestam homenagem aos dois assentados no Velório Municipal de Tremembé, no centro da cidade. Lideranças do MST também acompanham o velório.
Polícia Federal também investiga o assassinato dos assentados em Tremembé
Além da Polícia Cicil de São Paulo, a Polícia Federal também está investigando o ataque aos assentados em Tremembé. Os ministérios dos Direitos Humanos, Desenvolvimento Agrário e da Justiça publicaram notas de repúdio e de solidariedade às famílias das vítimas em Tremembé.
No sábado, assim que recebeu a notícia sobre o ataque aos assentados, o presidente Lula telefonou para um dos coordenadores nacionais do MST, Gilmar Mauro, para prestar solidariedade e avisar que a Presidência da República vai acompanhar de perto as investigações. Lula deverá visitar o assentamento assim que recebeu autorização dos médicos para viajar de avião.
O ataque contra os assentados teria como principal motivo a disputa em torno de venda de lotes da reforma agrária. Muitos assentados abandonam suas terras por falta de assistência técnica e recursos e estes lotes são disputados por pequenos agricultores e grileiros.
O governo vem tentando aumentar o número de famílias assentadas, mas não disponibilizou o dinheiro necessário. Na semana passada, o governo publicou portaria permitindo que empresas estatais troquem terras rurais por dívidas com a União, mas não há estimativas do número de hectares que poderão ser entregues e nem o número de famílias que podem ser contempladas.