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Conversa entre Flordelis e filho aponta para desvio de verbas da igreja

Em um trecho do diálogo, André ‘Bigode’ diz que vai tentar tirar dinheiro do Ministério Flordelis para custear plano de saúde da família

Por Jana Sampaio e Marina Lang
Atualizado em 27 ago 2020, 19h53 - Publicado em 27 ago 2020, 19h47

O relatório final do inquérito que apurou a morte do pastor Anderson do Carmo de Souza, ao qual Veja teve acesso, mostra que a deputada federal Flordelis (PSD-RJ), denunciada como mandante do assassinato do marido, sabia que o dinheiro de sua igreja, o Ministério Flordelis, era usado para custear as despesas da família. Em uma conversa por WhatsApp com André Luiz De Oliveira, conhecido como “Bigode”, o filho socioafetivo (quando uma adoção não é concluída judicialmente) do casal diz que tentaria tirar dinheiro da igreja para pagar o plano de saúde da família. Em resposta, a parlamentar diz: “Fazer mais o quê? Se separar eu não posso porque não posso escandalizar o nome de Deus. Isso não”.

Além do cargo de tesoureiro do Ministério Flordelis, André acumulava a função de secretário parlamentar do gabinete da mãe desde agosto de 2019, ou seja, dois meses após a morte de Anderson. Oficialmente o salário do filho do casal era de 15.698,32 reais, mas, segundo as interceptações telefônicas realizadas pelo MP e pela Polícia Civil, ele repassava mais de 11 mil reais para a deputada, o que configura a prática de rachadinha.

André, assim como outras nove pessoas ligadas à deputada, incluindo outros quatro filhos e uma neta, foram presos na segunda, 24, na Operação Lucas 12. Desde a morte de Anderson do Carmo, em agosto de 2019, o Ministério Flordelis perdeu centenas de fiéis, além de dois de seus pastores: o vereador Wagner de Andrade Pimenta, vulgo Misael, e Luan Santos, ambos filhos adotivos de Anderson e Flordelis. A igreja foi fundada em 1999 pelo casal e, apesar de ostentar o nome da cantora gospel, era administrado por Anderson do Carmo.

Anderson foi morto com 30 tiros na garagem da casa da família no bairro do Badu, em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, no dia 16 de junho de 2019. A perícia contabilizou ao menos seis disparos na genitália do pastor. Ao todo, Flordelis vai responder por cinco crimes: homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima), associação criminosa, falsidade ideológica, uso de documento falso e tentativa de homicídio (em virtude dos episódios de envenenamento).

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