Complexo da Maré será foco do reforço da Força Nacional no Rio
Conjunto de favelas na Zona Norte da capital fluminense é visto como estratégico no combate à criminalidade
A região do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, terá atenção especial do governo do estado nas próximas semanas, com o reforço de agentes e da estrutura da Força Nacional, enviada pelo Ministério da Justiça. O conjunto de favelas tem sido tratado como o ponto de partida de um movimento que deve ser ampliado para outras partes da capital fluminense. A iniciativa acontece após um pedido do governador Cláudio Castro (PL), que se reuniu na sexta-feira com o secretário-executivo da pasta, Ricardo Capelli, em uma espécie de pedido de reforço contra o avanço da criminalidade no estado.
A chegada da Força Nacional ao Rio foi anunciada nesta segunda-feira, 2, pelo ministro da Justiça, Flávio Dino. O reforço faz parte de um pacote de medidas, o Programa Nacional de Enfrentamento às Organizações Criminosas (Enfoc), lançado pela pasta. A intenção é que seja implementado em etapas, com custo calculado em R$ 900 milhões. No caso do Rio, serão R$ 247 milhões em recursos federais, entre eles R$ 95 milhões destinados para a construção de presídios de segurança máxima. Haverá ainda o reforço de 300 agentes, 50 viaturas, 22 blindados, um veículo de resgate e um helicóptero, além da atuação de agentes da Polícia Rodoviária Federal. O governo do estado tem deixado claro, no entanto, que não se trata de uma intervenção no estado.
O foco no combate ao crime organizado na Maré foi destacado pelo próprio governador, em fala após o encontro com Dino em Brasília, na noite desta segunda-feira. Ele destacou que a colaboração do governo federal terá também a coordenação dos trabalhos em outros estados que, segundo Castro, “têm inquéritos com lideranças alocadas no Rio de Janeiro, sobretudo no Complexo da Maré”.
“A Maré é o ponto de partida, mas não é o fim, até porque nós já vimos outras vezes esse processo de evasão dos criminosos de um local e, depois que a polícia atua, eles voltam. A ideia é a Maré ser o início e depois que isso se irradie para outras comunidades, e a gente possa, sobretudo, prender lideranças e fazer uma asfixia financeira dessas organizações criminosas com inteligência e combate à lavagem de dinheiro, sejam elas milícia, tráfico, narcotráfico ou facção A, B ou C”, disse Cláudio Castro.
A atuação no complexo de favelas, de acordo com o governo do Rio, contará com o uso de drones, inteligência artificial, reconhecimento facial e de placas, além de câmeras portáteis. A ação, no entanto, não se trata de uma ocupação do complexo, mas de um conjunto de “operações estratégicas e pontuais”.
Parte das ações já foi iniciada nesta terça-feira. Nas redes sociais, o governador compartilhou a atuação das forças de segurança no Morro do São Carlos, favela localizada na região do Centro do Rio. De acordo com ele, a operação “já faz parte do trabalho de inteligência e monitoramento de bandidos que teriam fugido da Maré, para onde está planejada uma grande ação das forças de segurança”.
Pela manhã, o Ministério Público do Rio de Janeiro e a Polícia Civil também se reuniram para alinhar as ações no combate ao tráfico de drogas no Complexo da Maré. Ficou estabelecido que os órgãos atuarão juntos para aprofundar as investigações a respeito de um grupo de traficantes que utilizam táticas de guerrilha em treinamento dentro da comunidade.