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Como ‘Samba da Bênção’, obra de um poeta ateu, foi parar numa das encíclicas do papa Francisco

Pontífice usou versos da composição de Vinicius de Moraes e Baden Powell para defender o diálogo e a amizade

Por Ludmilla de Lima Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 abr 2025, 13h48 - Publicado em 22 abr 2025, 12h10

Uma das maiores obras da MPB – e universal -, “Samba da Bênção” foi parar na terceira encíclica do papa Francisco, batizada como “Todos Irmãos” (“Fratelli Tutti”, em italiano). Divulgado em 2020 no Dia de São Francisco (4 de outubro), o documento traz um discurso radical no campo social e político: nele, o pontífice ataca o consumismo, o liberalismo econômico, a tirania da propriedade privada, a falta de empatia com os imigrantes e até o controle das empresas digitais sobre a população e a informação. Na época, ele surpreendeu ao citar versos da canção composta por Vinicius de Moraes e Baden Powell no início dos anos de 1960. “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”, escreveu o papa no sexto capítulo, dedicado ao “diálogo” e à “amizade social”.

O argentino Jorge Mario Bergoglio defendia uma cultura do encontro que superasse as dialéticas que colocam um contra o outro. “É um estilo de vida que tende a formar aquele poliedro que tem muitas faces, muitos lados, mas todos compõem uma unidade rica de matizes, porque o todo é superior à parte”, explicou ele, que foi autor de quatro encíclicas, um dos documentos mais importantes da Igreja Católica.

Um dos pontos que chama a atenção é que o papa foi buscar inspiração na letra de um poeta que se dizia, no momento da criação de “Samba da Bênção”, ateu. Vinicius teve formação católica e, posteriormente, se envolveria com a cultura dos orixás. A música, anterior aos afro sambas, expõe o ceticismo do compositor, que antes de cantar os versos citados pelo papa, afirma: “A vida é pra valer/E não se engane não, tem uma só/Duas mesmo que é bom ninguém vai me dizer que tem sem provar muito bem provado/Com certidão passada em cartório do céu e assinado embaixo/Deus, e com firma reconhecida”. 

O canção, composta com “muito uísque na cuca” (como contava Vinicius) ao lado de Baden, num apartamento do Parque Guinle, no Rio, é uma homenagem à cultura brasileira. Nela, o poeta dá a benção a todos os grandes sambistas brasileiros, entre eles Pixinguinha, Cartola e Nelson Cavaquinho, antes de acenar aos orixás quando diz que o Brasil é “branco, preto, mulato, lindo como a pele macia de Oxum”. 

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