Chequer: ‘Tomamos cuidado para não escorregar para o Fora Temer’
Líder do Vem pra Rua afirmou que saída do presidente causaria instabilidade muito grande. Atos deste domingo foram menores do que os do impeachment
Por Eduardo Gonçalves
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Atualizado em 27 mar 2017, 13h19 - Publicado em 26 mar 2017, 20h25
Com uma pauta difusa e o público disperso em pequenas concentrações ao longo da Av. Paulista, no centro de São Paulo, os movimentos que saíram às ruas neste domingo (26/03) tiveram o menor público entre todos os atos de 2015 e 2016. Na capital paulista e em outras cidades do país, os grupos pouparam o presidente Michel Temer e focaram as manifestações no apoio à Lava Jato, na rejeição ao voto em lista fechada e no pedido pelo fim do foro privilegiado.
O líder do Vem pra Rua, grupo que concentrou o maior número de pessoas na Av. Paulista, Rogério Chequer, disse a VEJA que o esvaziamento aconteceu porque o pleito era “mais complicado”, a despeito de “estarmos vivendo em um momento tão grave como no impeachment”. Mesmo assim, ele destacou o interesse do público que compareceu em discutir temas menos palatáveis para a maioria da população, como a defesa do voto distrital, por exemplo. “Foi diferente. Não era um assunto binário, como tirar a Dilma e o PT. Agora, a pauta é mais complicada. Mas o engajamento foi forte”, disse ele.
Sem um alvo claro, Chequer ressaltou que não se ouviu em nenhum discurso nem viu em cartazes o “Fora, Temer”, mote dos atos organizados por centrais sindicais e grupos de esquerda que fecharam a mesma Avenida no último dia 15 para protestar contra a reforma da previdência.
“Tomamos cuidado para que nenhuma crítica escorregasse para o Fora Temer. Não viemos aqui pedir o impeachment dele. Isso causaria uma instabilidade muito grande”, disse. Ele afirmou que aguarda a decisão do plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre as contas da chapa Dilma Temer para se pronunciar sobre um eventual afastamento do peemedebista – o que, por enquanto, está fora de cogitação. “Aqui é fora políticos que agem para benefício próprio, que não são todos”, completou.
Num dos primeiros atos de 2014, o Vem pra Rua chegou a dar palanque para políticos tucanos, como o senador José Serra (SP), cujo nome agora aparece na lista de pedidos de inquérito enviada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Fizemos uma besteira. Mas aprendemos e a partir de 2015 não demos mais espaço a políticos”, disse Chequer. No protesto deste domingo, poucos políticos marcaram presença, com exceção do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) e do deputado Major Olímpio (SD-SP), que distribuíram selfies entre o público.
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MBL
Enquanto o Vem pra Rua foi o último movimento a encerrar o ato, por volta das 18 horas, o Brasil Livre foi o primeiro – o grupo desligou o carro de som por volta das 16h30. Com a expectativa de baixa adesão, o MBL planejava se deslocar ao invés de ficar parado na Av. Paulista. Mudaram de ideia por uma orientação da Polícia Militar.
“Está mais vazio porque esse é um ato de alerta aos políticos e não um protesto baseado num momento histórico como o impeachment. Não podemos nos tornar reféns do nosso próprio sucesso”, disse Renan dos Santos, um dos coordenadores do MBL, referindo-se aos megaprotestos que levaram milhões às ruas de todo o Brasil em 2015 e 2016.
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