Cabral diz que Paes, Nuzman e ministro estiveram com Lamine Diack
Em depoimento no MPF, ex-governador do Rio de Janeiro admitiu encontro com dirigente senegalês, mas negou pagamento de propina para o seu filho
O ex-governador Sérgio Cabral afirmou ontem em depoimento ao Ministério Público Federal que se encontrou uma vez com o dirigente senegalês Lamine Diack, pai de Papa Diack, acusado de receber propina e favorecer o Rio de Janeiro na disputa para sediar a Olimpíada de 2016. Cabral negou qualquer negociação de suborno na reunião, mas fez questão de lembrar que participaram da conversa o ex-prefeito Eduardo Paes, o ex-ministro dos Esportes, Orlando Silva, e o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman.
Esta semana, a operação Unfairplay desencadeada pela Polícia Federal revelou que Papa Diack recebeu depósitos no exterior no valor de 2 milhões de dólares feitos pelo empresário Arthur Soares de Menezes Filho, que embolsou 3 bilhões de reais em contratos na era Cabral. Arthur é considerado foragido pelas autoridades brasileiras. Para os procuradores, Cabral disse ser amigo pessoal do empresário, mais conhecido como “rei Arthur”, mas que não faz ideia de porque houve a operação financeira entre ele e Papa Diack. Perguntado se conhecia Lamine Diack, Cabral negou a informação em duas oportunidades.
No depoimento, o ex-governador deixou claro que queria passar a mensagem de não ter feito nenhum movimento pela candidatura do Rio sem o consentimento de Paes, Nuzman e Orlando Silva. Ele disse que teve encontros ao lado do trio com todas as autoridades que votariam na eleição de Copenhague em que participaram, além do Rio, Madri, Chicago e Tóquio. Além disso, lembrou da vez em que o quarteto apresentou a candidatura para o Comitê Olímpico Internacional em 2008.
Ao MPF ontem, Cabral adotou a mesma estratégia dos últimos depoimentos dados ao juiz Marcelo Bretas: negar todas as acusações. Disse que todos os apoios financeiros para a candidatura do Rio foram oficiais, dados principalmente por Bradesco, Embratel e o empresário Eike Batista. Também voltou a questionar os procuradores pela acusação de ser dono de 100 milhões de dólares no exterior em contas no nome do doleiro Renato Chebar. Perguntou a eles, assim como já fez com Bretas, se não era estranho deixar tanto dinheiro com outra pessoa sem qualquer assinatura ou contrato.