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Barragem em Brumadinho rompeu três dias após inspeção da Vale

Construção passou por vistorias estruturais nos dias 8 e 22 de janeiro deste ano

Por Giovanna Romano 1 fev 2019, 19h06

A Barragem I da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, Minas Gerais, passou por duas inspeções estruturais nos dias 8 e 22 de janeiro deste ano, registradas no sistema de monitoramento da Vale, mineradora responsável pela obra. A estrutura rompeu três dias depois, na última sexta-feira, 25, e destruiu o equivalente a 378 campos de futebol de mata, além de causar pelo menos 115 óbitos.

Mesmo com inspeções e um sistema de alerta através de sirenes – que, na hora da tragédia, foi engolfado pelos rejeitos – a lama foi mais rápida em devastar todo o entorno da barragem. Conforme informa a mineradora, houve seis vistorias dentro do processo de auditoria externa, além das inspeções internas que ocorriam quinzenalmente, que eram previstas no Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM), conforme estabelece a legislação brasileira.

Dois engenheiros terceirizados da Vale, André Yassuda e Makoto Manba, suspeitos de fraudarem laudos técnicos da empresa, permitindo operações e atestando a estabilidade da barragem que rompeu, foram presos em São Paulo. Outros três funcionários da Vale em Minas Gerais também foram presos por estarem ligados diretamente ao empreendimento.

A sirene que era para tocar, não tocou. O treinamento interno com os funcionários da mineradora, realizado em 23 de outubro de 2018, não foi o suficiente para salvar a vida dos trabalhadores e dos turistas que se hospedavam na pousada ao lado, também soterrada pela lama. O presidente da Vale lamenta: “Aqui aconteceu um fato que não é muito usual. Houve um rompimento muito rápido da barragem. E o problema é que a sirene que ia tocar foi engolfada pela queda da barragem antes que pudesse tocar”.

Um vídeo mostra o exato momento em que um mar de lama vem da direção do reservatório e entra em colapso com a barragem. Vinte e quatro segundos depois, a onda de lama já ocupava todo o pátio de manobras dos trens, a 500 metros da construção. A área administrativa era a cerca de 600 metros à frente.

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Não houve tempo para retirar os funcionários da Vale, que trabalhavam ao lado da barragem, e os funcionários e hóspedes da pousada Nova Estância. Essas construções eram próximas ao local do rompimento, e o mar de rejeitos passou exatamente pela rota. Além dos 110 mortos, 239 pessoas continuam desaparecidas e a fauna e a flora da região foram destruídas.

A Vale informou que todos os laudos técnicos foram enviados para a Agência Nacional de Mineração (ANM). Procurada, a agência não respondeu os questionamentos até a publicação desta reportagem.

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