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Amante de Dr.Jairinho, que teve filho torturado, promete novas revelações

Após omitir que ela e o filho eram agredidos pelo padrasto de Henry, morto no dia 8 de março, Débora Saraiva prestará outro depoimento nesta sexta-feira

Por Sofia Cerqueira, Marina Lang Atualizado em 16 abr 2021, 21h47 - Publicado em 16 abr 2021, 08h01

Peça importante no quebra-cabeça que traça o perfil violento e cruel do vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, de 43 anos, a ex-namorada e amante dele, Débora Mello Saraiva, de 34, prestará um novo depoimento na 16ª DP (Barra da Tijuca), na Zona Oeste do Rio de Janeiro, nesta sexta-feira, 16. Marcado para às 15h, a expectativa é que dessa vez a assistente social, de 34 anos, que se relacionou com o parlamentar por seis anos e falou com ele no dia do crime, acrescente fatos relevantes sobre a personalidade e o modo de agir do padrasto de Henry Borel – que juntamente com a mãe, a professora Monique Medeiros, de 33, é acusado da morte do menino, de 4. Como VEJA revelou com exclusividade em 2 de abril, Débora é uma das mulheres com quem Dr. Jairinho conviveu que, além de ser vítima de suas agressões, também teve um filho torturado pelo vereador em situações semelhantes ao que vinha acontecendo com o pequeno Henry.

Amante de Jairinho conta que ele pisoteou seu filho em sessão de tortura

Caso Henry

Embora no dia 22 de março, dia em que prestou depoimento pela primeira vez à policia, Débora tenha negado que era agredida pelo vereador e que seu filho sofrera nas mãos de Dr. Jairinho, já se sabe que ela omitiu episódios importantes e tem muito a revelar aos investigadores sobre o comportamento dele. Uma amiga próxima da assistentes social contou a revista há duas semanas que o filho dela, que na época tinha por volta de 3 anos (hoje está com 8), passou por verdadeiras “sessões de tortura” praticadas pelo vereador e médico – embora nunca tenha exercido a profissão. Em uma delas, como foi revelado por VEJA, o menino foi levado para um passeio sozinho pelo namorado da mãe e apareceu, em seguida, com o fêmur fraturado. A justificativa do parlamentar para a família da moça era que o garoto havia prendido a perna no cinto de segurança e caído ao descer do carro.

Em outra ocasião, ainda descreveu a amiga que frequentava à casa da família de Débora, o menino, novamente ao sair para um passeio com o vereador, voltou com o rosto desfigurado e os olhos roxos. A explicação é que teria caído de cabeça. “Nas duas vezes, tanto da perna quanto essa, Jairinho o levou a uma clínica de conhecidos dele. Minha amiga estava deslumbrada e tinha medo por ele ser poderoso”, contou a mulher a VEJA. Ela ainda afirmou que em mais um episódio, a assistente social teria sido dopada pelo então namorado e, quando despertou, flagrou o menino chorando enquanto Dr. Jairinho dava banho nele. Como acontecia com o pequeno Henry, essa amiga garantiu ter presenciado diversas vezes o filho da assistente social “chorando e tremendo” só de ouvir as palavras “tio Jairinho”.

Investigação sobre o caso

Débora é a amante que recebeu um telefonema de Dr. Jairinho na manhã do dia 8 de março, poucas horas após a morte brutal do menino Henry, e que ele conversou “como se nada tivesse acontecido”. No primeiro depoimento à 16ª DP, responsável pela investigação do caso, afirmou que o vereador a enviou mensagens naquele dia para saber sobre o resultado de seu antibiograma, um exame de laboratório que ela faria depois de se queixar de ardência ao urinar. Na delegacia, contou que começou a namorá-lo em 2014, quando assessorava uma vereadora e pediu afastamento do cargo. Afirmou também ter ficado com ele durante seis anos, entre idas e vindas, quando ele ainda era casado com Ana Carolina. E que ao ser intimada pela polícia recebeu um telefonema de Dr. Jairinho a orientando a “ficar tranqüila” porque só teria que relatar como fora o relacionamento dos dois. Nesse primeiro depoimento, porém, disse que eles “tiveram algumas brigas, mas só rolava xingamentos, nunca teve nenhum tipo de agressão física”, e omitiu uma série de fatos cruciais à investigação.

A expectativa agora é que a moça confirme ao delegado Henrique Damasceno, à frente das investigações sobre a morte de Henry, que foi agredida diversas vezes por Dr. Jairinho e que seu filho vítima da crueldade e das sessões de torturas praticadas por ele. A assistente social confirmou estes fatos nesta quarta-feira, 15, no programa “Cidade Alerta”, da TV Record. Contou que sofreu uma série de agressões e que, por diversas vezes, teve medo de morrer e foi ameaçada por ele caso procurasse socorro. Débora relatou que durante as brigas, quando “o rosto dele mudava completamente”, o vereador já teria quebrado um dedo do seu pé com um chute, a jogado no chão, mordido sua cabeça, tentando enforcá-la e aplicado um golpe mata-leão.

A assistente social também relatou a violência de Dr. Jairinho contra seu filho. Confirmou o episódio em que o garoto, na época perto de completar 3 anos, quebrou a perna na altura do fêmur. Ela afirmou ainda que recentemente o menino tomou coragem e contou à família que o parlamentar a dopou – sua outra filha viu um pozinho branco na sua taça –, obrigou o menino pôr papel na boca para não gritar e ficou em pé em cima de sua barriga. “Ele é uma pessoa mentirosa, agressiva, falsa, me fez perder 6 anos da minha vida. Não tinha confiança nele, mas não conseguia me livrar. Se ele me agredia e fez com meu filho coisas parecidas com o Henry, hoje o considero um psicopata”, afirmou na entrevista.

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Como foi publicado por VEJA no início do mês, com base em troca de mensagens e depoimentos exclusivos, Dr. Jairinho agia publicamente como um homem educado, gentil e generoso, mas que na intimidade exibia um temperamento violento e perverso, beirando o sadismo. Além de Débora, outra ex-namorada do parlamentar, que falou com a nossa equipe de reportagem e já prestou depoimento à polícia, também confirmou agressões contra ela e sua filha, hoje com 13 anos.

“Passei muito tempo da minha vida me culpando e me sentindo péssima como mãe por não ter visto a realidade. Ele é um tipo de homem que cega, ilude, mente”, desabafou a moça, que se relacionou o vereador entre 2010 e 2013. Durante esses dois anos, descreveu a ex-namorada, ele arran­ja­va pretextos para sair sozinho com sua menina, então com 4 anos. Aos poucos, a garota foi soltando que o “tio” torcia seus braços e pernas e lhe dava cascudos. No episódio mais horripilante, foi levada a um local que, pela descrição, parece um motel. O quarto tinha uma cama e uma piscina. Disse ter sido despida pelo vereador, que, de sunga, entrou com ela no boxe, abriu o chuveiro e bateu várias vezes com a cabeça dela na parede. Também afundou sua cabeça na piscina com os pés.

Após o depoimento de Débora à polícia na tarde desta sexta-feira, caso confirme as agressões de Dr. Jairinho ao filho, menor de idade, ela será encaminhada também à Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV). Tanto o vereador quanto a mãe de Henry, Monique, estão presos desde o último dia 8 acusados de homicídio duplamente qualificado e tortura.

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