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Amante de Jairinho conta que ele pisoteou seu filho em sessão de tortura

Vereador teria dopado a mulher, deitado o garoto no sofá e pisado em cima dele; ela confirmou revelação de VEJA sobre fêmur quebrado da criança após passeio

Por Marina Lang, Sofia Cerqueira Atualizado em 17 abr 2021, 00h52 - Publicado em 16 abr 2021, 19h08

A assistente social Débora Mello Saraiva, de 34 anos, confirmou em depoimento prestado à 16ª Delegacia de Polícia, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, as agressões que ela e o filho, hoje com oito anos de idade, sofreram do vereador e médico Jairo Santos Souza Júnior, o Dr. Jairinho. Ela foi amante do vereador ao longo dos últimos anos até ele ser preso, no dia 8 de abril, acusado pela morte do seu enteado Henry Borel, de 4 anos, após uma sessão de espancamentos. Ele e a mãe, Monique Medeiros, de 33 anos, vão responder por homicídio duplamente qualificado e tortura da criança.

Leia mais: Quem é o delegado à frente das investigações do caso Henry

Débora confirmou a revelação de VEJA no último dia 2 de abril: seu filho, à época com três anos, voltou de um passeio com “tio” Jairinho com o fêmur quebrado. A reportagem revelou que a criança foi encaminhada para uma clínica de amigos do vereador em Campo Grande, na Zona Oeste. À polícia, Débora confirmou o atendimento médico, mas disse “não se lembrar” da unidade hospitalar onde o filho foi atendido.

Ainda de acordo com o depoimento, ao qual VEJA teve acesso, a assistente social confirmou outro episódio horripilante sobre Dr. Jairinho. Em 2015, o menino e a irmã, também menor de idade, acordaram para beber água. O vereador estava acordado e Débora estava dormindo. Jarinho mandou a menina, que é mais velha que o irmão, pegar água e ir deitar, pois ele cuidaria do garoto – à época com 3 anos incompletos. A mulher contou que o filho lhe disse que Dr. Jarinho “colocou um papel e um pano na boca dele, e disse que ele não poderia engolir”. O parlamentar, então, teria deitado a criança pequena no sofá da sala, ficado em pé no sofá e apoiado todo o peso do corpo dele com os pés acima do menino. O garotinho teria relatado ainda que conseguira se desvencilhar, chamara pela mãe e que ela não conseguia acordar. Dr. Jairinho conseguiu alcançá-lo, levou a criança “até o estacionamento, para dentro do carro”, e que o vereador teria colocado um saco plástico na cabeça do menino. Em seguida, ficou dando voltas com o veículo.

Aos policiais, a mulher afirmou que suspeita ter sido dopada naquela noite em que a criança foi torturada – isto porque sua filha e sua mãe viram um copo de bebidas com um pó branco em seu interior.

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Outras duas ocasiões reveladas por VEJA não constam no depoimento de Débora, prestado nesta sexta-feira, 16, na delegacia. A reportagem mostrou outro momento descrito por uma amiga que frequentava à casa da família de Débora: o menino, novamente ao sair para um passeio com o vereador, voltou com o rosto completamente desfigurado e os olhos roxos. A explicação é que teria caído de cabeça. “Nas duas vezes, tanto da perna quanto essa, Jairinho o levou a uma clínica de conhecidos dele. Minha amiga estava deslumbrada e tinha medo por ele ser poderoso”, contou a mulher à reportagem, veiculada na revista em 2 de abril.

Ela ainda afirmou que em mais um episódio, a assistente social teria sido dopada pelo então namorado e, quando despertou, flagrou o menino chorando enquanto Dr. Jairinho dava banho nele em uma banheira. Como acontecia com o pequeno Henry, essa amiga garantiu ter presenciado diversas vezes o filho da assistente social “chorando e tremendo” só de ouvir as palavras “tio Jairinho”.

Agressões contra a mulher

Débora também relatou que foi constantemente agredida por Dr. Jairinho ao longo do relacionamento turbulento que mantiveram. A primeira agressão física a ela teria ocorrido em 2016, quando a assistente social teria mexido no aparelho celular do vereador e descobriu uma troca de mensagens entre ele e a ex-mulher, a nutricionista Ana Carolina Ferreira Netto – que também registrou dois boletins de ocorrência devido a agressões do parlamentar, em 2014 e em 2020. Débora relatou que acordou Dr. Jairinho e que ele ”se transformou”, segurando-a forte pelo braço, enquanto mexia no seu celular, dizendo que “sumiria” com ela, “que iria simular um assalto, largaria a bolsa e o celular da declarante em algum canto e ligaria para sua mãe, dizendo que não mais sabia seu paradeiro”.

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Em seguida, Dr. Jairinho largou o celular e partiu para cima de Débora, a jogou no sofá, subiu em cima dela e passou a esganá-la, apertando seu pescoço. Mesmo sem ar, Débora tentava dizer que ele estava a matando porque não conseguia respirar. Subitamente, o vereador mudou de feição, largou o pescoço da mulher e disse: “vamos dormir”.

Ela mencionou mais três ocasiões em que foi agredida, embora tenha dito à polícia que o número de vezes em que ele a espancou era incalculável. Em 2019, quando se separou de Dr. Jairinho, ele a procurou tentando reatar o relacionamento. Eles discutiram e Débora disse que iria telefonar para a ex-mulher do vereador, Ana Carolina, e contar tudo. Dr. Jairinho, teria, então, a ameaçado: “Faz isso que eu te machuco onde mais te machuca”. A assistente social disse que entendeu que o parlamentar ameaçou a vida dos seus dois filhos. Outra agressão, também sofrida em 2019, ocorreu após mais uma discussão: Dr. Jairinho deu um chute no pé de Débora, o que fraturou um dos dedos inferiores dela.

Outro momento em que Débora afirmou ter sido agredida aconteceu no ano passado, quando ela impediu que o vereador observasse o conteúdo do celular dela. O casal estava em Mangaratiba, na Costa Verde fluminense, onde a família de Dr. Jairinho tem casa em um condomínio de luxo. Dr. Jarinho aplicou um “mata-leão” na mulher, lhe arrastou pela casa e chegou a dar três mordidas em seu couro cabeludo. Quando perguntava ao parlamentar o motivo pelo qual ele lhe agredia, Dr. Jairinho lhe respondia: “Tá maluca, eu não fiz isso. Eu não fiz nada”.

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