Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Aliança feminina traz novos ares à disputa pela presidência do Senado

As senadoras Soraya Thronicke (Podemos-MS) e Eliziane Gama (PSD-MA) costuram uma união de forças para rivalizar com Alcolumbre

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 ago 2024, 07h49 - Publicado em 18 ago 2024, 07h48

O senador Davi Alcolumbre (União Brasil-­AP) deixou a presidência do Senado em 2021 após ver fracassar uma manobra que esticaria a sua permanência no posto por mais dois anos. Contrariado, o parlamentar voltou à planície e lançou mão de um plano para manter-se influente mesmo fora do centro da tribuna. Elegeu como sucessor Rodrigo Pacheco (PSD-MG), até então um parlamentar de pouco prestígio, assumiu o controle das principais negociações políticas, ditando desde o andamento de projetos importantes à distribuição de cargos e verbas, e garantiu um bom trânsito entre petistas e bolsonaristas. Ainda chamado de presidente por alguns de seus colegas, Alcolumbre é tido como um nome certo a voltar a comandar o Senado em 2025 — tanto que hoje as articulações já miram mais além e vislumbram até a reeleição dele, em 2027. Se nada acontecer, esse longo e ambicioso projeto tem tudo para se consolidar. Mas há quem acredite que algo ainda pode acontecer.

Faltando pouco menos de seis meses para a eleição, as senadoras Soraya Thronicke (Podemos-MS) e Eliziane Gama (PSD-MA) costuram uma união de forças para rivalizar com Alcolumbre na disputa. A dobradinha prevê que as duas devem, desde já, ir a campo em busca de votos. Mais adiante, elas vão avaliar quem aglutinou mais apoio e, com base nisso, decidir quem será a candidata. A campanha começa na próxima semana, quando a dupla dará início a um giro pelo país com o objetivo de se colocar como uma alternativa viável. A intenção é conversar com lideranças políticas, ouvir as demandas e prometer uma gestão diferenciada. Na largada, a primeira dificuldade é caseira. Hoje, não há garantia sequer de que seus próprios partidos vão apoiar a empreitada. Por isso, o marco zero do desafio será uma reunião em São Paulo, prevista para a próxima quarta-feira, 21, com os dirigentes do PSD e do Podemos para garantir o aval dos caciques.

PIONEIRA - Simone Tebet: a primeira a tentar romper a hegemonia masculina
PIONEIRA - Simone Tebet: a primeira a tentar romper a hegemonia masculina (Fernando Frazão/Ag. Senado)

Depois dessas conversas, as senadoras devem embarcar rumo ao Nordeste, passando por cidades de Sergipe, Pernambuco e Alagoas. A ideia é buscar primeiro os partidos mais alinhados para, desde já, confirmar a adesão. Com dez senadores, o MDB é considerado uma peça central na disputa. Por isso, Eliziane recentemente se reuniu com o ex-presidente José Sarney (MDB) para pedir a bênção e o apoio à candidatura. O ex-presidente, apesar de aposentado há uma década, ainda é ouvido com frequência sobre articulações de bastidores e mantém influência na bancada do seu partido. Outro importante cabo eleitoral é o próprio presidente Lula. Embora o Palácio do Planalto oficialmente garanta que vai ficar distante da eleição, o aval do petista é considerado essencial para o sucesso do projeto. Tanto Eliziane quanto So­raya já estiveram com o presidente.

Apoiadores da candidatura feminina espalham que o governo e o PT preferem um nome diferente ao de Alcolumbre, que estaria fazendo acenos demais à oposição em busca de votos, e que Eliziane ou Soraya seriam nomes mais confiáveis para estar à frente do Congresso no fim do terceiro mandato de Lula — Eliziane é uma antiga aliada do ex-ministro da Justiça Flávio Dino, enquanto Soraya, que entrou na política na esteira de Jair Bolsonaro, rompeu com o ex-­presidente e agora se firma numa posição de independência. “Não dá para ficar nas mãos do Alcolumbre, do Pacheco e do Lira”, teria afirmado Lula, segundo relato de Thronicke. Já do lado do senador do União Brasil, a candidatura das mulheres é vista apenas como uma forma de “marcar posição” e não terá adesão de todas as senadoras, que também compartilham diferenças políticas e ideológicas entre elas. “Só um desastre tira a presidência do Davi”, afirma um aliado de Alcolumbre, que lança dúvidas, inclusive, sobre a real intenção da dupla. Não raro, candidaturas “alternativas” são apresentadas como uma forma de alcançar algum tipo de barganha.

Continua após a publicidade
FAVORITO - Davi Alcolumbre: projeto ambicioso inclui eleição e reeleição
FAVORITO - Davi Alcolumbre: projeto ambicioso inclui eleição e reeleição (Pedro França/Ag. Senado)

Essa possibilidade, segundo elas, não existe. “Nós temos um objetivo claro e não tem outro espaço de negociação. Chegou a hora de uma mulher assumir a presidência do Senado”, disse Eliziane Gama, devolvendo a provocação: “Na política, você tem duas formas de perder uma eleição, que é achar que já ganhou ou achar que já perdeu. Eu estou otimista e acho que a gente tem uma avenida para trabalhar”. Em 200 anos de existência, a presença feminina ainda é uma relativa novidade no Senado. Eunice Michiles foi a primeira mulher a ser eleita, em 1979. De lá para cá, a bancada feminina cresceu e atingiu tamanho recorde nesta legislatura, chegando a quinze representantes. Presidir o Congresso, porém, seria um feito inédito e grandioso para as mulheres. Simone Tebet (MDB-MS), atual ministra do Planejamento, foi a primeira a tentar. Em 2021, ela disputou o cargo com Rodrigo Pacheco e foi derrotada, mas multiplicou seu cacife político. A caminhada é difícil, e o adversário, tinhoso — mas não convém duvidar da fibra dessas mulheres.

Publicado em VEJA de 16 de agosto de 2024, edição nº 2906

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.