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Aécio afirma que estava sem dinheiro e caiu em armação de Joesley

Em vídeo, tucano diz que tinha de pagar advogados, mas não tinha recursos pois não acumulou patrimônio na vida pública; ideia, alega, era vender apartamento

Por Da Redação
23 Maio 2017, 20h48

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse, em vídeo postado no Facebook, que concordou em aceitar R$ 2 milhões emprestados do empresário Joesley Batista porque não tinha dinheiro para pagar seus advogados na Lava Jato, mas que o dono da JBS fez uma “armação” contra ele para fazer parecer que tinha cometido um ato ilegal.

Foi a primeira declaração de Aécio diretamente aos seus eleitores – “de coração aberto”, segundo ele – desde que veio à tona gravação feita pelo empresário  em que ambos combinam como seria feito o repasse do dinheiro. Antes, ele havia apenas publicado uma defesa em sua coluna no jornal Folha de S. Paulo, encerrada após a revelação do escândalo.

As denúncias resultaram na abertura de inquérito pelo Supremo Tribunal Federal, na suspensão do seu mandato de senador – Aécio recorre nos dois casos – e no pedido de sua prisão, que será analisada pelo STF, de sua irmã, a jornalista Andrea Neves e de seu primeiro, Frederico Pacheco de Medeiros, o Fred – os dois estão presos.

“Quero me dirigir em especial a você que acompanhou e sempre confiou em meus 30 anos de vida pública, exercida sempre com dignidade, com honradez, em que respeitei cada voto que recebi. Fui vítima de uma armação conduzida por réus confessos que só tinham um objetivo: livrar-se dos gravíssimos crimes de que são acusados, mesmo que para isso tenham de implicar pessoas de bem”, afirmou.

De acordo com ele, “essa armação me tornou hoje alvo de acusações e de suspeitas e levou a medidas injustificáveis, como a prisão de meus familiares, que, reafirmo aqui, não cometerem nenhum ato ilícito”.

“O fato verdadeiro é apenas um: há cerca de dois meses, eu pedi a minha irmã Andrea que procurasse o senhor Joesley e oferecesse a ele a compra de um apartamento onde minha mãe vive há mais de 30 anos, herança de seu ex-marido e que havia sido colocado à venda. Com parte desses recursos, eu poderia pagar as despesas com minha defesa em inquéritos que, tenho certeza, serão arquivados”, disse.

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“E fiz isso porque não tinha dinheiro, não fiz dinheiro na vida pública. A partir daí, esse cidadão [Joesley] armou uma encenação e ofereceu outro caminho: um empréstimo de 2 milhões de reais, que era o que nós calculávamos que teríamos de gastar ao longo dos próximos anos. Esse dinheiro, é claro, seria regularizado através de um contrato de mútuo, até para que meus advogados fossem corretamente pagos”, continuou o senador afastado.

“Essa nunca foi a intenção do criminoso. Na verdade, o que ele queria era criar uma falsa situação que transformasse uma operação entre privados, que não envolveu qualquer dinheiro público, que não envolveu qualquer contrapartida, em um ato de aparência ilegal”, disse.  “Esses são os fatos, esta é a única verdade. Eu reafirmo aqui, de forma definitiva: não cometi qualquer crime, minha irmã Andrea não cometeu crime algum. Frederico, meu primo, não cometeu crime algum. São pessoas de bem, que sofrem hoje as injustiças das sanções que são impostas”, afirmou.

Na sequência, o senador admite que também errou, em três oportunidades. “Mas eu tenho que admitir que errei. Errei e isso me corrói as vísceras. Em primeiro lugar, por ter permitido que minha irmã se encontrasse com um cidadão cujo caráter agora todo o Brasil conhece. Errei ao utilizar, mesmo numa conversa particular, um vocabulário que não costumo usar e, por isso, peço desculpas. Mas meu maior erro foi deixar me enganar numa trama montada por um criminoso”, disse.

“Nessa história, os criminosos não são eu nem meus familiares. Os criminosos são aqueles que se enriqueceram às custas do dinheiro público e que agora, nesse instante, lá no exterior, zombam  dos brasileiros com os inacreditáveis benefícios que obtiveram”, afirmou, em referência ao acordo de delação que a JBS acertou com o Ministério Público Federal.  “Eles sim têm que voltar ao Brasil e responder à Justiça pelos muitos crimes que cometeram.”

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“Mas eu tenho que admitir que errei. Errei e isso me corrói as vísceras. Em primeiro lugar, por ter permitido que minha irmã se encontrasse com um cidadão cujo caráter agora todo o Brasil conhece. Errei ao utilizar, mesmo numa conversa particular, um vocabulário que não costumo usar e, por isso, peço desculpas. Mas meu maior erro foi deixar me enganar numa trama montada por um criminoso”

Aécio Neves (PSDB-MG), senador afastado

Por fim, Aécio diz que vai lutar para recuperar a “integralidade” do seu mandato no Senado, para resgatar sua honra e para ajudar sua irmã e seu primo presos. “Com absoluto respeito à legislação, dedicarei cada minuto a provar a inocência de minha irmã e de meu primo, para que possam se ver livres das graves e injustas medidas de que foram vítimas”.

“E, por fim e acima de tudo, eu não descansarei até resgatar o único patrimônio que acumulei em mais de 30 anos de vida pública: a minha honra e a minha dignidade. Tenho certeza que, ao fim de tudo, a verdade prevalecerá”, disse.

Veja na íntegra o vídeo postado por Aécio Neves:

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