Abstenção no primeiro dia de Enem foi de 26%, diz ministro
No total, foram 3.109.762 inscrições para a prova, o menor número em 16 anos
O primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), neste domingo, 21, teve 26% de abstenção entre os inscritos, segundo dados preliminares do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo exame. No total, foram 3.109.762 inscrições para a prova, o menor número em 16 anos.
“Acredito que o Enem foi um sucesso. Para nós, isso foi um número significativo”, disse o ministro da Educação, Milton Ribeiro, durante entrevista coletiva em Brasília junto ao presidente do Inep, Danilo Dupas Ribeiro, ressaltando o avanço em relação ao ano passado.
De acordo com o Inep, a abstenção no ano passado foi de 52%, quando os números da pandemia de Covid-19 estavam mais elevados. Em 2019, por exemplo, a abstenção foi de 22%.
Neste primeiro dia de prova, os candidatos responderam questões objetivas de linguagens e ciências humanas, além de fazerem a única prova subjetiva da avaliação, a redação. O Enem segue no próximo domingo, 28, quando os candidatos farão as provas de matemática e ciências da natureza.
O exame seleciona estudantes para vagas do ensino superior públicas, pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), para bolsas em instituições privadas, pelo Programa Universidade para Todos (Prouni), e serve de parâmetro para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Os resultados também podem ser usados para ingressar em instituições de ensino portuguesas que têm convênio com o Inep.
Em meio às polêmicas sobre denúncias de interferência do governo Bolsonaro no conteúdo da prova, o ministro da Educação também reforçou que as afirmações “não têm cabimento”.
“Tentaram politizar a prova, não houve nenhuma interferência. Talvez, se tivesse interferência, poderia ser que algumas perguntas nem estivessem ali”, afirmou, em referência às perguntas que abordaram temas como racismo e desigualdade de gênero. “Não houve qualquer interferência e escolha de perguntas”.
No último sábado, 21, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Walton Alencar Rodrigues negou um pedido para afastar Danilo Dupas, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), organizadora do Enem.
Na semana passada, 37 servidores do órgão pediram exoneração dos cargos, o que gerou uma crise às vésperas da realização do exame. Os profissionais acusam o governo de interferência e relatam falhas na segurança do material, entre as quais o fato de Dupas solicitar a inclusão de 22 nomes na lista de pessoas autorizadas a ter acesso à prova.
O pedido ao TCU foi feito por nove deputados da oposição. Eles alegaram que o governo federal estaria interferindo politicamente no Inep, impondo filtros ideológicos na composição do exame e adotando medidas que comprometem a segurança do teste, o que resultou na exoneração dos servidores.
Os parlamentares pediram que o tribunal investigue as irregularidades e afaste o presidente do Inep. O ministro concordou com a realização de diligências para averiguar a idoneidade do exame, mas negou o afastamento. “Não há nos autos, até o momento, indícios de que, prosseguindo no exercício de suas funções, ele [Dupas] possa: retardar ou dificultar auditoria ou inspeção deste Tribunal; causar novos danos ao Erário; ou inviabilizar seu ressarcimento”, escreveu o ministro Rodrigues.
No último dia 17, o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) voltou a falar sobre o Enem, durante viagem ao Catar. Ao ser perguntado sobre a interferência política do governo na prova, Bolsonaro disse que não viu a prova, mas fez crítica à atuação do Inep. “Olha o padrão do Enem do Brasil. Pelo amor de Deus! Aquilo mede algum conhecimento ou é ativismo político? Ou é ativismo também na questão comportamental? Não precisa disso”, disse.