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Braga Netto blefou. E perdeu

Os militares ameaçaram com o golpe, mas Arthur Lira não piscou. E fez barba, cabelo e bigode

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 jul 2021, 13h39 - Publicado em 22 jul 2021, 13h34

O Estado de S. Paulo relata que, no último dia 8, o ministro da Defesa, general Braga Netto, acompanhado por “chefes militares” das três Forças, mandou um recado duro ao Congresso: se o “voto impresso e auditável” não fosse aprovado, não haveria eleições em 2022. No mesmo dia, o presidente Bolsonaro reforçou a ameaça: “ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”.

É provável que os militares estivessem menos interessados em voto impresso do que em simplesmente melar a CPI. Afinal,  no dia 7, véspera do recado do ministro, o senador Omar Aziz falara de um “lado podre das Forças Armadas” e mencionara que Élcio Franco havia recebido mensagens diretamente de Braga Netto.  E os militares haviam respondido com uma nota golpista e uma entrevista ameaçadora do comandante da Aeronáutica, conhecido bolsonarista.

Seja por que for, o fato é que os militares ameaçaram virar a mesa. Mas Arthur Lira não piscou. E a revirou. Foi a Bolsonaro e avisou que não admitiria golpe. Lira controla centenas de votos e tem 126 pedidos de impeachment na gaveta: não é preciso ser gênio para entender que se denunciasse a tentativa de golpe e botasse o impeachment para votar, o presidente cairia antes que os militares encontrassem um corneteiro para dar o toque de reunir.

Olhando em retrospecto, Lira e seus companheiros do PP fizeram barba, cabelo e bigode.

No dia 15, a LDO que triplica o fundo eleitoral e mantém o mecanismo das emendas de relator (base do orçamento secreto) foi aprovada com o apoio dos bolsonaristas. No dia 19, Bolsonaro reconheceu serenamente que não haverá voto impresso e cogitou nem sequer se candidatar.

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No dia 21, Bolsonaro convidou o senador Ciro Nogueira, o presidente do PP (partido de Lira) para a Casa Civil, o ministério mais importante do governo. Na prática, entregou seu governo inteiro ao PP e ao Centrão. Rendição absoluta.

Ao se apropriar do governo, o Centrão ainda impôs uma derrota especial aos militares: derrubou o principal factótum de Bolsonaro, Luiz Eduardo Ramos, general de quatro estrelas que há apenas um ano estava na ativa e fazia parte do Alto Comando.

E com um requinte de crueldade: Ramos da soube da própria demissão pelo jornal.

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