Delação revela pagamentos mensais de 100 000 reais a Pezão
Homem de confiança do governador do Rio, Hudson Braga diz também que Pezão tem 5 milhões de reais guardados em empresa de Barra do Piraí
A proposta de delação de Hudson Braga, ex-secretário de Obras de Sérgio Cabral e ex-braço-direito de Luiz Fernando Pezão, é um tiro no coração do governador do Rio. Nela, Braga diz que entregava, pessoalmente, todos os meses 100 000 reais das empreiteiras com obras no governo Sérgio Cabral para Pezão. O próprio Cabral, de acordo com Braga, daria outros 100 000 a Pezão.
Braga chegou ao cargo público por indicação de Pezão, mas sempre esteve debaixo de sua influência. Era o então vice-governador que decidia a destinação dos recursos dos programas “Bairro Novo”, “Asfalto na Porta” e “Somando Forças”.
Havia também pedidos extras que eram feitos mensalmente para ajudar algum político. Os valores eram entregues a Pezão ou ao seu assessor “Luizinho”, que era da sua confiança.
Em outro anexo da proposta de delação, Braga fala sobre o envolvimento de Pezão com a JRO Pavimentação Ltda., de dois amigos de confiança do governador. Braga teria sido orientado a repassar 5 milhões de reais para a empresa, em troca de notas promissórias. Braga diz que tem as notas para provar a operação e que o dinheiro está lá até hoje.
O colaborador acrescenta que a campanha que elegeu Pezão em 2014 custou oficialmente 71 milhões de reais, mas o custo total real foi de aproximadamente 3oo milhões.
Não é só. Pezão e companhia firmaram acordo para a compra de apoio político de ao menos 16 partidos. O PSD, por exemplo, custou 30 milhões de reais.
Seu marqueteiro, Renato Pereira, também enrolado na Lava-Jato, custou aos cofres de campanha mais ou menos 28 milhões de reais, quando, na verdade, foram pagos a ele, em espécie, mais de 80 milhões. O alto valor saiu de repasses da Odebrecht, OAS e Andrade Gutierrez.
Ao término da campanha, Braga negociou sua saída da equipe de Pezão. Pelo acordo, ele receberia cerca de 150 000 reais por mês da organização criminosa, o que ocorreu até fevereiro de 2016.
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