Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Imagem Blog

Mundialista

Por Vilma Gryzinski Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

O corajoso caminho do meio

O verdadeiro centro político exige idealismo inteligente

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 4 jun 2024, 14h41 - Publicado em 28 fev 2020, 06h00

Você é a favor do aborto? E da posse de armas? Se a resposta for “em determinadas circunstâncias”, no primeiro caso, ou “dentro de parâmetros responsáveis”, no segundo, você é de centro. E, meu amigo, você está ferrado. Seja nos almoços familiares, seja entre os nomes mais cintilantes da política, ninguém quer saber de você. “Em cima do muro” é o mínimo que vai ouvir, para não mencionar o “isentão”, que é engraçado, mas pode ser usado como uma arma de silenciamento em massa.

O centro político — atenção, não confundir com Centrão, ou “A Bolha”, invenção brasileira geneticamente modificada para se especializar em tenebrosas transações — é o espaço onde a maioria da humanidade, dada a opção, transita. A economia de mercado já mais do que comprovou que é a melhor para promover a maior quantidade de rique­zas para a maior quantidade de pessoas. Aquelas grandes frestas por onde caem os mais vulneráveis ou os menos preparados devem ser compensadas ativamente; humanidade é uma virtude, não um palavrão, e ter opiniões conflitantes sobre assuntos complexos, como transexualidade ou imigração em massa, não significa que alguma das partes deva ser confinada a golpes de humilhação digital ao sétimo dos círculos das redes sociais. “Idealismo sem ilusões” foi uma das expressões genialmente criadas pelos “melhores e mais inteligentes” que John Kennedy reuniu para tocar seu programa de governo, moldar, pioneiramente, a narrativa da própria história e definir sua linha política.

“ ‘Isentão’ é engraçado, mas pode ser usado como uma arma de silenciamento em massa”

É até doloroso imaginar que o “caminho do meio”, cheio de ideias reformistas para melhorar as condições sociais dos mais pobres e dos menos brandos, sem contar a firmeza de quem olhou a poderosa União Soviética e não piscou, até quase a beirinha do conflito nuclear, hoje está sendo defendido por um bilionário de maus bofes como Michael Bloomberg e um político com estilo mata-borrão como Joe Biden — tudo o que chega perto dele vira mancha informe.

A persistência de Biden e a ascensão de Bloomberg mostram que os eleitores democratas querem varrer Donald Trump do mapa com um candidato bom de voto e de capacidade de agregação. Não com as insanidades de um candidato como Bernie Sanders, que faz sucesso com estudantes (e professores) universitários e celebridades de Hollywood mas dificilmente vai convencer o eleitor que votou em Trump da última vez e está considerando uma alternativa.

Continua após a publicidade

Os percalços do caminho centrista, que parecia tão promissor na época da Terceira Via representada por Tony Blair (é melhor nem mencionar esse nome hoje) e Bill Clinton (é melhor nem mencionar o nome Monica Lewinsky perto dele hoje), atormentam atualmente dois dos mais importantes líderes europeus. Emmanuel Macron, tão espetacularmente promissor, patina na versão francesa da Bolha, que não permite desengessar o país, e nem com maioria no Congresso consegue fazer a reforma da Previdência. Seu inovador partido criado do nada anda perdendo integrantes. Angela Merkel vai deixar a Alemanha, sem contar o próprio partido, sem leme. Antes mesmo de assumir, sua sucessora renunciou por não conseguir controlar a virada para a direita da Democracia Cristã. Procurar o “caminho do meio” na política não é para fracos. Ao contrário, é para destemidos.

Publicado em VEJA de 4 de março de 2020, edição nº 2676

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

1 Mês por 4,00

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.