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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Bolsonaro na ONU: o que o Itamaraty quer e o que o presidente vai fazer

Entenda por que a missão de salvar o discurso do capitão na Assembleia Geral das Nações Unidos é, digamos assim, quase impossível

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 set 2021, 13h45 - Publicado em 20 set 2021, 13h26

O discurso de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidos cabe ao Brasil desde 1947, quando o chanceler brasileiro, Osvaldo Aranha, presidiu a sessão especial da Assembleia Geral que aprovou a criação do estado de Israel. O Brasil acabou não se tornando membro permanente do Conselho de Segurança, posição que almeja até hoje.

Por causa do  desempenho de Osvaldo Aranha, o Brasil terminou ficando com a posição honorífica de ser o primeiro país a se manifestar nas sessões da Assembleia Geral.

Por isso mesmo, o discurso presidencial é sempre mais grandioso, voltado para os temas críticos do momento, sem descuidar de falar dos interesses específicos do Brasil.

Não sei se o leitor desta coluna sabe, mas, internamente, o Itamaraty faz um esforço de produzir um discurso no qual, o presidente fale dos interesses do Brasil e das potências intermediárias.

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O discurso, em geral, sempre defendeu a resolução pacífica dos conflitos, o fortalecimento da democracia no mundo, o respeito aos direitos humanos, a redução da pobreza, da miséria e da desigualdade.

Além das questões específicas do Brasil e do grupo de países a que pertence, também trata dos temas que estejam na ordem do dia global.

No momento, as que mais afligem o mundo são a pandemia e a migração. Por isso, o Itamaraty está tentando convencer o Bolsonaro a falar sobre doação de vacinas, pois daria ao Brasil a oportunidade de tratar a pandemia mais em sintonia com o resto do mundo.

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Mas, o centro do discurso de Bolsonaro deve ser o meio ambiente, no qual ele não tem credibilidade e o que disser não será levado a sério pelos demais países. Ele continuará menor do que o Brasil já foi no passado.

Ele transformou o país em um pária internacional e é como pária que ele vai falar. Desfez décadas de trabalho competente e profissional da diplomacia brasileira, que colocou o país em posição de destaque e liderança no mundo, embora não seja uma potência econômica ou militar de primeira grandeza.

Os valores e comportamentos de Bolsonaro como presidente estão longe dos valores dominantes na assembleia de países representados na ONU. Chegou aos EUA sem ter se vacinado. Despreza o protocolo para a pandemia. Desrespeita o meio ambiente, os direitos humanos e põe os povos indígenas sob ameaça de extinção. O mundo todo sabe disso.

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É uma vergonha para o Brasil que seu presidente, que chega a Nova York para representá-lo, tenha que comer pizza na calçada, porque quem se recusou a ser vacinado não pode entrar nos restaurantes da cidade. Um comportamento de marginal e de um país que transformou em pária, como falei no ano passado. Não tem como salvar a presença de Bolsonaro na ONU.

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