Na reta final, filhos e aliados de Bolsonaro entram no relatório da CPI
Carlos e Eduardo Bolsonaro e deputadas Carla Zambelli (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF) serão citados por Renan Calheiros (MDB-AL) em capítulo sobre fake news
O relatório da CPI da Pandemia, a cargo do senador Renan Calheiros (MDB-AL), não para de crescer. Além dos nomes de 37 pessoas investigadas (veja a lista abaixo), divulgados na semana passada, um capítulo específico sobre disseminação de notícias falsas, destinadas a induzir a população a adotar postura negacionista, trará o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) como envolvidos numa máquina de produção de fake news. As deputadas bolsonaristas Carla Zambelli (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF) também serão citadas por disseminação de desinformação. A equipe da CPI colocará no relatório uma lista de fake news atribuída a cada um dos nomes.
Os senadores ainda discutem em que condição essas personagens aparecerão no texto final, mas é provável que sejam indiciadas sob suspeita de terem cometido, pelo menos, o crime de descumprimento de medida sanitária. A previsão é que o relatório seja votado pelos integrantes da comissão no próximo dia 20. Renan vem afirmando que o texto será preciso e objetivo na imputação dos crimes e na apresentação das provas. O capítulo sobre desinformação na pandemia se baseia em depoimentos e postagens nas redes sociais.
O mais recente nome incluído na lista de investigados foi o do presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina), Mauro Luiz de Britto Ribeiro, que não chegou a ser ouvido pelos senadores. A CPI vê num parecer da entidade, de abril de 2020, um estímulo para que médicos receitassem cloroquina e hidroxicloroquina a pessoas contaminadas pela Covid-19. Esses medicamentos não têm eficácia comprovada para o tratamento da doença, mas Ribeiro afirma que é preciso respeitar a autonomia dos médicos para tratar seus pacientes como entenderem melhor.
Lista de pessoas investigadas pela CPI da Pandemia:
- Élcio Franco – secretário-executivo do Ministério da Saúde na gestão de Eduardo Pazuello
- Arthur Weintraub – suspeito de integrar “gabinete paralelo”
- Carlos Wizard – empresário suspeito de integrar “gabinete paralelo”
- Eduardo Pazuello – ex-ministro da Saúde
- Ernesto Araújo – ex-ministro das Relações Exteriores
- Fábio Wajngarten – ex-secretário de Comunicação
- Hélio Angotti Neto – secretário no Ministério da Saúde
- Luciano Dias Azevedo – médica da Marinha
- Marcellus Campelo – ex-secretário de Saúde do Amazonas
- Marcelo Queiroga – atual ministro da Saúde
- Mayra Pinheiro – secretária no Ministério da Saúde, suspeita de defender tratamentos ineficazes
- Nise Yamaguchi – médica suspeita de defender tratamentos ineficazes
- Paolo Zanoto – médico suspeito de defender tratamentos ineficazes
- Ricardo Barros – líder do governo na Câmara, suspeito de envolvimento com empresas
- Túlio Belchior da Silveira – advogado da Precisa, empresa que fechou contrato suspeito para entrega da vacina Covaxin
- Emanuel Catori – sócio da farmacêutica Belcher
- Francisco Maximiano, o Max – dono da empresa Precisa, que fechou contrato suspeito para entrega da vacina Covaxin
- Roberto Ferreira Dias – ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, suspeito de irregularidades na compra de vacinas
- José Ricardo Santana – empresário e ex-diretor da Anvisa
- José Alves Filho – empresário da Vitamedic, que produz ivermectina
- Cristiano Carvalho – ligado à empresa Davati, que ofereceu vacinas da AstraZeneca, negócio com suspeita de pedido de propina
- Emauella Medrades – diretora da empresa Precisa, que fechou contrato suspeito para entrega da vacina Covaxin
- Hélcio Bruno de Almeida – coronel da reserva, presidente da ONG Instituto Força Brasil, suspeito de disseminar fake news
- Luciano Hang – empresário, dono da Havan
- Luiz Paulo Dominguetti – policial mineiro que denunciou suposto pedido de propina à empresa Davati
- Marcelo Bento Pires – coronel da reserva, ex-coordenador de área de vacinas no ministério, suspeito de irregularidades no negócio da Covaxin
- Onyx Lorenzoni – ministro do Trabalho
- Osmar Terra – deputado pelo MDB-RS, suspeito de integrar “gabinete paralelo”
- Regina Célia Oliveira – servidora do Ministério da Saúde suspeita de participar do negócio da Covaxin
- Marconny Albernaz de Faria – suspeito de ser lobista da Precisa
- Wagner Rosário – ministro da CGU (Controladoria-Geral da União)
- Pedro Batista Júnior – executivo da Prevent Senior, empresa suspeita de testar em pacientes medicamentos sem eficácia comprovada
- Marcos Tolentino da Silva – empresário suspeito de ser sócio oculto do FIB Bank, que avalizou negócio entre governo e empresa Precisa
- Danilo Trento – diretor da Precisa, que fechou contrato suspeito para entrega da vacina Covaxin
- Otavio Fakhoury – empresário suspeito de ligação com fake news e “gabinete paralelo”
- Allan dos Santos – blogueiro suspeito de disseminar fake news
- Mauro Luiz de Britto Ribeiro – presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina)