Carrell, de ‘The Office’, volta a satirizar o trabalho em ‘Space Force’
Na série da Netflix, não há ator que, tendo entrado em cena, não dê uma contribuição fundamental

Orgulhoso por ter conseguido sua quarta estrela na lapela, o general Mark Naird (Steve Carell) entra na reunião certo de que vai sair dela no comando da Força Aérea. Negativo: o que lhe cabe é a recém-criada e bastante absurda Força Espacial, um capricho do presidente obtuso, que acha que é preciso pôr “botas na Lua”. Militarizar o espaço, porém, não está nos planos do cientista-chefe do projeto, Adrian Mallory (John Malkovich, divertindo-se à beça). Como Naird e Mallory têm de conviver e colaborar, está dado o mote para mais uma das deliciosamente ternas e aflitivas comédias do criador Greg Daniels sobre as agruras do ambiente de trabalho. Escolado como roteirista de muitos episódios de Saturday Night Live, O Rei do Pedaço e Os Simpsons, e festejado criador da versão americana do The Office e da maravilhosa Parks & Recreation, o prolífico Daniels garimpa esse filão também na nova Upload (leia texto na página ao lado). Mas é em Space Force (Estados Unidos, 2020), disponível na Netflix, que ele encontra o veio principal. Entre o dedicado Naird e o cínico Mallory reside aquele contingente a que se costuma dar o nome de humanidade: pessoas bem-intencionadas, ou crassas, ou competentes, ou ineptas, mas que, na sua variedade, são todas indispensáveis para que alguma missão — qualquer missão — se realize. E, mesmo que a missão seja risível, o esforço para empreendê-la tem sempre lá a sua beleza.
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Aqui colaborando na criação e no roteiro com Carell, que foi em boa parte responsável pelo êxito de The Office, Daniels põe essa filosofia em prática desde a estrutura: ainda que o protagonismo esteja bem delimitado em torno de Carell e Malkovich, não há ator que, tendo entrado em cena, não dê uma contribuição fundamental, de Don Lake como o desastrado assistente de Naird a Lisa Kudrow como a mulher do general, presa sabe-se lá por quê — passando por Tawny Newsome como uma piloto reduzida a “chofer” de helicóptero e por Jimmy O. Yang como um pesquisador mal-humorado. A união, de fato, faz a força — espacial ou de qualquer outra ordem.
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Publicado em VEJA de 3 de junho de 2020, edição nº 2689
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