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Felipe Moura Brasil

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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".
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O desgosto da esquerda com o efeito criminoso das próprias ideias

Felipe Moura Brasil responsabiliza esquerdistas pelos males do petismo

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 24 abr 2017, 23h12 - Publicado em 24 abr 2017, 21h42

Karl Kraus dizia:

“Há escritores que já conseguem dizer em vinte páginas aquilo para o que às vezes preciso de até duas linhas”.

Se eu fosse “zuero” (e sou) como o aforista austríaco, eu diria (e digo) quase o mesmo com relação à enxurrada de editoriais e artigos na imprensa sobre “Lula, o PT e os outros“, “Lula, o sócio oculto“, “O cerco de depoimentos que confirma Lula como o chefe“, “O mal do petismo” e, claro, “A decepção dos ingênuos“.

Tuitei em julho de 2014:

Hoje, após o PT meter muito mais governo na vida do povo, esquerdistas que apoiaram o partido afetam desgosto com a roubalheira de petistas e aliados.

Até Noam Chomsky – “a maior expressão da esquerda mundial”, como o apresenta o esquerdista Marcelo Rubens Paiva – revelou sua desilusão:

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“É doloroso ver o Partido dos Trabalhadores no Brasil, que realizou significantes melhoras, simplesmente não conseguir manter as mãos fora do dinheiro público. Eles se juntaram a uma elite extremamente corrupta, que tem roubado por muito tempo, participando da corrupção, desacreditando todo o partido.”

Leonardo Boff, apologista da Teologia da Libertação – a politização total, integral e sistemática da Igreja, que consiste em dar a cada frase do Evangelho um sentido político de “luta de classes” para favorecer a revolução comunista – , também tentou se descolar do PT:

“Enganam-se aqueles que eu, pelo fato de defender as políticas sociais que beneficiaram milhões de excluídos, realizadas pelos dois governos anteriores, do PT e de seus aliados, tenha defendido o partido. A mim não interessa o partido mas a causa dos empobrecidos que constituem o eixo fundamental da Teologia da Libertação, a opção pelos pobres contra a pobreza e pela justiça social, causa essa tão decididamente assumida pelo Papa Francisco.”

Boff também divulgou no mesmo post um texto da esquerdista Carla Jiménez, publicado na edição online para o Brasil do jornal “El País”, onde ela lamenta a ferida que o comandante máximo deixou… na esquerda, claro:

“Lula, por outro lado, mais do que os crimes a que responde, feriu de golpe a esquerda no Brasil. Ajudou a segregá-la, a estigmatizar suas bandeiras sociais e contribuiu diretamente para o crescimento do que há de pior na direita brasileira. Se embebedou com o poder. Arvorou-se da defesa dos pobres como álibi para deixar tudo correr solto e deixou-se cegar. Martelou o discurso de ricos contra pobres, mas tinha seu bilionário de estimação. Nada contra essa amizade. Mas com que moral vai falar com seus eleitores?”

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Diante da repercussão do post de Boff como endosso integral ao texto de Jiménez, ele se sentiu na obrigação de esclarecer que não concorda com o trecho contra Lula; acha apenas que “um olhar de fora é sempre instrutivo”.

Instrutivo mesmo seria admitir que defender os pobres não é transferir a quem não trabalha o dinheiro de quem trabalha (inclusive de cidadãos de origem pobre) para garantir votos e poder, mas, sim, tirar o Estado do caminho deles – como querem os moradores da periferia de São Paulo, segundo pesquisa do próprio PT – para que possam enriquecer com o próprio trabalho.

Como apontou um dos editoriais do Estadão:

“Mesmo as ‘políticas sociais’ do PT – bandeira que o partido e seus defensores sempre fizeram tremular com galhardia – foram concebidas para criar uma legião de cativos que, por dependência e não desenvolvimento, garantiriam a sustentação do grupo de poder e, assim, a manutenção de um sofisticado sistema engendrado para assaltar os contribuintes.

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Não por acaso a popularidade de Lula segue alta no Nordeste, região mais pobre do País e onde está a maior concentração de beneficiários do programa Bolsa Família, segundo dados do IBGE.

O discurso pelo fortalecimento do Estado para enfrentar a ‘ganância do capital’ e, assim, proteger os desvalidos – a eterna cantilena da esquerda – foi a desculpa perfeita para a ocupação e aparelhamento da administração pública pelo PT de modo a transformar o Tesouro Nacional numa espécie de ‘fundo partidário’ privativo do partido e seus aliados.”

Carlos Alberto Di Franco escreveu também no mesmo jornal:

“O lulopetismo, espertamente, aplicou uma ‘nova matriz econômica’ que deu prioridade aos investimentos de alto retorno eleitoral – como programas sociais que efetivamente ajudaram a tirar milhões de brasileiros momentaneamente da miséria, mas sem nenhuma garantia de efetiva inserção na atividade econômica – aliados a uma agressiva política de renúncia fiscal, para estimular a produção, e de ‘flexibilização’ do crédito popular, para estimular acesso a bens de consumo.

O populismo lulopetista optou por investir no retorno eleitoral imediato, relegando a plano secundário os programas de investimento de maturação mais lenta em bens sociais como educação, saúde, saneamento, mobilidade urbana, segurança, etc.

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De acordo com a constatação insuspeita de Frei Betto, nas favelas que se multiplicam por todo o País se encontram hoje barracos devidamente equipados com geladeira, eletrodomésticos, televisores moderníssimos, às vezes até mesmo carros populares e outros objetos de consumo, mas quando saem porta afora as pessoas não encontram escolas, postos de saúde e hospitais decentes, transporte público eficiente e barato, segurança adequada, enfim, os bens sociais que são muito mais essenciais a um padrão de vida digno do que os bens de consumo, que lhes oferecem a ilusória sensação de prosperidade.

O bolivarianismo tupiniquim, estrategicamente implantado por Lula, rendeu bons resultados aos seus líderes: muito poder e muito dinheiro. Não contaram, no entanto, com três fatores complicadores: a força inescapável da realidade econômica, o papel da liberdade de imprensa e a independência das instituições.”

Outro editorial do Estadão voltou então ao ponto certo:

“A revelação de que é antiga, calorosa e proveitosa a relação de Lula com a empreiteira que está no centro do maior escândalo de corrupção da história brasileira [Odebrecht] parece ter sido demais mesmo para os mais dedicados lulistas. Alguns já anunciaram ruptura total; outros apenas ensaiam um discurso para salvar as aparências depois de décadas reverenciando o mito agora questionado. Estes últimos dizem que estão decepcionados com Lula porque ele se deixou levar pelas benesses do poder, mas ainda defendem o petista como o ‘melhor presidente’ do País por seu espírito estatizante.

Ora, não é preciso ser um grande pensador para saber que a corrupção que tanto decepciona esses intelectuais só atingiu o atual nível em razão justamente da expansão da máquina estatal promovida por Lula. Quanto maior o Estado, maiores as oportunidades de assaltá-lo – especialmente quando se tem na Presidência alguém que, como Lula, não diferencia o público do privado.”

Pois é.

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Era tudo o que estava escrito naquele tuíte de duas ou três linhas.

******

A propósito:

Felipe Moura Brasil ⎯ https://preprod.veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

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