No Vale do Silício: executivos (e milionários) aplaudem saída de Vélez
Em painel composto de executiva de educação e ex-ministro do governo inglês, ainda se falou da falta de confiança nos professores – e até do Brexit
Durante um painel sobre tecnologias voltadas para educação na conferência Brazil at Silicon Valley – que ocorre entre hoje e amanhã em Palo Alto, na Califórnia –, a plateia, composta de executivos e empreendedores milionários (alguns, bilionários, a exemplo de Jorge Paulo Lemann), aplaudiu a saída de Ricardo Vélez Rodríguez do MEC. A notícia foi dada por Iona Szkurnik, vice-presidente de operações da Lumiar, integrante da Fundação Lemann e do conselho da Stanford University School of Education, iniciativa que busca democratizar a educação para crianças, com projetos no Brasil, Estados Unidos, Holanda e Inglaterra. Ela estava encarregada de entrevistar Jim Knight, da TES Global – empresa dedicada a treinar professores na Inglaterra –, da XRapid – desenvolvedora de uma tecnologia que detecta malária com iPhones – e ex-ministro do governo inglês.
Iona deu a notícia com entusiasmo. Imediatamente, a plateia aplaudiu, em uníssono (alguns ficaram de pé). Ouviram-se comentários de empresários e executivos como“finalmente” e “foi tarde”, além de piadas acerca de Vélez.
Durante o painel, discutiram-se quais seriam as soluções para os gargalos da educação no Brasil. Como diante do fato de que 80% das crianças não têm habilidades mínimas em matemática. “Muitos professores estão falhando em se adaptar a um novo cenário, no qual crianças e pais estão inseridos em um mundo tecnológico, de iPhones”, pontuou Jim Knight. “É preciso se aproximar dos pais e da realidade deles”.
Knight destacou: “Hoje, ficamos dias sem tocar numa caneta. Mas é um desastre sair de casa sem o smartphone”. Para ele, a educação em escolas tinha de se adaptar a esse contexto. “Ao mesmo tempo, o celular prejudica o sono de crianças. Em minha casa, proíbo aparelhos nos quartos”, acrescentou, indicando que a temática deveria ser abordada nos colégios.
“O Brasil acertou ao criar diretrizes para a educação em um currículo único. Mas, ao mesmo tempo, precisa treinar e confiar em seus professores para transmitir o conhecimento. Há dificuldade em confiar na educação fornecida pelos professores”, continuou Knight, logo antes de começaram as críticas, na plateia, a Ricardo Vélez Rodríguez. Houve comentários que associaram a gestão de Vélez à falta de credibilidade dada aos critérios dos educadores nas salas de aula.
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Knight ainda criticou a forma como o sistema universitário particular se estabelece hoje, levando alunos a se endividar para pagar as mensalidades. Por fim, como inglês e ex-ministro, comentou o Brexit: “É coisa de lunático querer o Brexit em um mundo no qual devemos promover cada vez mais a mobilidade de pessoas entre fronteiras, para promover negócios”.
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