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Crônicas do mundo tecnológico e ultraconectado de hoje. Por Filipe Vilicic, autor de 'O Clube dos Youtubers' e de 'O Clique de 1 Bilhão de Dólares'.
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Desconfie da “influência” de políticos e famosos nas redes sociais

É bem provável que aquele influencer de milhões de seguidores na real tenha menos fãs do que você imagina

Por Filipe Vilicic 2 set 2018, 10h55

Neste espaço já expus como é preciso ficar atento para não cair na balela de que fulano tem centenas de milhares de seguidores, ou que outro possui milhões. Muitas vezes se trata de uma fraude online, de “influencers” que compram os fakes, os seguidores falsos que os seguem, para inflarem suas redes sociais e assim conseguirem cobrar mais, por exemplo, por um tuíte patrocinado por uma empresa ou mesmo – como se vê na capa de VEJA desta semana (da qual participei da edição) – por políticos. Isso justifica porque às vezes um blogueiro, uma vlogueira, da qual você nunca ouviu falar aparenta ter mais fãs num Twitter do que, sei lá, um escritor best-seller, com sucesso na vida real, como Yuval Harari.

Em parte da apuração da mencionada capa de VEJA, descobrimos como não só os políticos abusam de táticas sujas nas redes sociais, como também youtubers, instagrammers, apresentadores de TV, atores etc. O método sempre é similar: contratam-se empresas (usualmente “de fachada”; ou localizadas fora do país, apesar de operarem por aqui, na prática) que inflam o número de seguidores do cliente candidato a celebridade da internet. Há também a opção de pagar por bots, que são como robôs que publicam automaticamente em perfis de redes sociais, em comentários em sites noticiosos e por aí vai, para dar maior escopo à coisa.

Os meios preferidos para a fraude são o Twitter (especialmente), o Instagram e o YouTube – no qual se pagam por views, usualmente ganhos por meio de uma tática malandra de “esconder” vídeos por trás de filmes pornôs e piratas (assim, quando se clica numa pornografia ou no streaming clandestino de uma série de TV, pode-se ter dado play também num youtuber gritão qualquer). Evita-se o Facebook por algumas razões. Primeiro, os donos dessas empresas, ouvidos por VEJA na apuração, dizem ser muito mais difícil burlar os algoritmos e as proteções desse site. Quando conseguem, não vale muito a pena, pois a artimanha dura pouco, pois também costuma ser descoberta mais rapidamente do que em outras páginas, e, em acréscimo, é mais comum que pessoas se deixem influenciar por tuiteiros, instagrammers e youtubers que seguem do que por perfis públicos no Facebook.

Flagramos muitos, muitos, famosos que adotam essas táticas. Também conversamos com marqueteiros e outros profissionais que as executam – inclusive um que mora em Portugal, de onde se julga mais seguro, protegido, para tocar o trabalho por baixo dos panos virtuais.

Mais detalhes serão exibidos com o tempo pela equipe responsável por esmiuçar esse problema (na qual me incluo), já retratado, pelo viés político, na capa desta semana. Porém, já deixo a dica: não acredite em tudo que os “influencers” dizem sobre si mesmos; às vezes nem tão influentes eles são de fato. Ou então se deixe enganar sem receio de passar vergonha um dia num papo de bar no qual surgir essa conversa de fakes e bots. 

Para acompanhar este blog, siga-me no Twitter, em @FilipeVilicicno Facebook e no Instagram.

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