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Reeleição de Trump tem consequências radicais no combate às mudanças climáticas

'Temos mais ouro líquido do que qualquer país do mundo', diz presidente eleito em discurso de vitória, em defesa aberta do petróleo

Por Ernesto Neves Atualizado em 6 nov 2024, 13h25 - Publicado em 6 nov 2024, 12h00

O retorno do ex-presidente Donald Trump à Casa Branca deve agravar, e muito, a crise climática global. Defensor dos combustíveis fósseis, Trump já avisou que é contrário a cortes nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) nos Estados Unidos e que vai abdicar da liderança americana nas negociações climáticas em curso.

“Temos mais ouro líquido do que qualquer país do mundo”, disse Trump, durante seu discurso de vitória, referindo-se ao potencial interno de petróleo e gás.

Seu retorno à Casa Branca ocorre em um momento crítico, quando cientistas alertam que as metas de redução de emissões de carbono impostas pelo Acordo de Paris estão perigosamente fora de alcance, aumentando as chances de consequências catastróficas.

Desastres exacerbados pelas mudanças climáticas causaram centenas de mortes nos EUA apenas nos últimos meses. A ênfase de Trump está na exploração de mais petróleo e gás, combinada com a revogação de regulamentações que limitam as emissões e alterações na lei climática criada por Joe Biden.

Esse cavalo de pau na política ambiental deve resultar em aumento significativo das emissões de GEE. Esse incremento, afirmam analistas, será muito além do esperado caso a vice-presidente Kamala Harris tivesse o vencido.

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Além disso, Trump possui um histórico de ameaçar a independência dos cientistas federais, incluindo os de agências meteorológicas e climáticas, como a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA).

Trump voltará ao controle de agências que realizam trabalhos baseados no consenso científico de longa data, segundo o qual as emissões humanas de gases de efeito estufa são as principais responsáveis pelo aquecimento global. O problema é que Trump rejeita a existência de mudanças climáticas causadas pelo homem.

Durante o seu primeiro mandato, retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris, tratado climático internacional firmado em 2016 que orienta as ações de mais de 195 países.

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Também reverteu mais de 100 regras ambientais e abriu o Refúgio Nacional de Vida Selvagem do Ártico para perfuração de petróleo.

Embora o presidente Joe Biden tenha revertido muitas dessas ações e feito do combate às alterações climáticas uma peça central da sua presidência, Trump prometeu desfazer esses esforços durante seu segundo mandato, com implicações potencialmente catastróficas.

Analistas climáticos da Carbon Brief preveem que mais quatro anos de Trump farão com que os EUA emitam um excedente de 4 bilhões de toneladas métricas de dióxido de carbono na comparação com um mandato de Kamala Harris. O montante equivale às emissões anuais combinadas da União Europeia e do Japão.

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“O resultado dessas eleições será um golpe imenso para a ação climática global”, afirmou Christiana Figueres, chefe do clima das Nações Unidas de 2010 a 2016, em comunicado. “Mas existe um antídoto para e o desespero. É a luta que está acontecendo em todos os cantos da Terra”, concluiu.

Trump já prometeu que vai remodelar drasticamente o governo. O Projeto 2025, iniciativa de uma fundação ultraconservadora que apoia os republicanos, apela para a privatização do Serviço Meteorológico Nacional e a dissolução da NOAA.

Isso deixaria os americanos sem uma fonte pública de previsões e alertas meteorológicos. E dividiria a função de salvar vidas entre uma variedade de empresas privadas que poderiam cobrar por tais informações.

 

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