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Negacionismo de Trump desencadeia corrida para salvar US$ 45 bilhões em acordos climáticos

Negociações internacionais tentam manter de pé programas como a Parceria para a Transição Energética Justa para ajudar as economias em desenvolvimento

Por Ernesto Neves Atualizado em 24 mar 2025, 12h13 - Publicado em 24 mar 2025, 11h50

A doutrina do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de negar as mudanças climáticas causadas pela ação humana está detonando uma corrida na comunidade internacional para salvar os acordos climáticos.

Nações como Alemanha e Japão estão trabalhando para fortalecer programas destinados a entregar cerca de 45 bilhões de dólares para ajudar países em desenvolvimento a abandonar os combustíveis fósseis.

Negociações entre parceiros internacionais estão em andamento para manter o impulso de acordos como a Parceria para a Transição Energética Justa (JETP, na sigla em inglês), firmados sob o governo do presidente Joe Biden, com o objetivo de acelerar a transição energética na Indonésia, Vietnã e África do Sul.

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A Alemanha substituirá os Estados Unidos como co-líder dos esforços para garantir cerca de US$ 20 bilhões em apoio à transição energética da Indonésia, altamente dependente do carvão, afirmou o governo de Berlim.

Apoiadores globais dos programas planejam avaliar o impacto financeiro potencial caso os americanos retirem todo o suporte.

Reuniões também estão sendo organizadas para discutir o cenário mais amplo, que inclui o acordo de aproximadamente 15,5 bilhões de dólares do Vietnã e o pacote de 9,3 bilhões de dólares da África do Sul.

As discussões também consideram as implicações para possíveis futuros acordos de financiamento com países como a Colômbia.

Investimento em Transição Energética
O investimento superou US$ 2 trilhões em 2024, mas ainda está abaixo do necessário para que o mundo atinja emissões líquidas zero até 2050, segundo a Bloomberg.

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“O impacto é administrável, desde que os outros países continuem”, disse Putra Adhiguna, diretor-gerente do Energy Shift Institute, um think tank asiático.

No mês passado, o ex-presidente Donald Trump suspendeu parte da ajuda financeira de Washington para ajudar países em desenvolvimento e de renda média a responder às ameaças das mudanças climáticas e iniciou o processo de retirada do Acordo de Paris pela segunda vez, sinalizando a intenção do país de abdicar de seu papel na redução global de emissões.

O recuo americano na diplomacia climática e como fonte de financiamento ameaça trazer novas complicações.

Os programas foram inicialmente celebrados como um avanço quando concebidos em 2021 porque, ao menos na teoria, resolviam um problema crucial: como combinar recursos públicos e privados para tornar economicamente viável a transição de grandes nações em desenvolvimento para longe dos combustíveis fósseis.

No entanto, enfrentaram dificuldades para cumprir muitos dos objetivos previstos devido ao progresso lento no financiamento, mudanças de liderança política na Indonésia e no Vietnã e a complexidade de desativar usinas de energia que ainda teriam décadas de operação pela frente.

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Além disso, os programas representam apenas uma fração do financiamento total necessário.

O investimento anual em transição energética ultrapassou US$ 2 trilhões globalmente no ano passado, mas isso representou apenas cerca de 37% do necessário para colocar o mundo no caminho certo para emissões líquidas zero até 2050, segundo um relatório da Bloomberg.

As eleições iminentes no Canadá, Alemanha e França podem adicionar novos obstáculos para os acordos JETP.

Financiamento Público para a Indonésia
Os americanos haviam prometido estar entre os maiores contribuintes do financiamento público para o plano climático da Indonésia, segundo o plano de investimentos de 2023.

O Japão continuará apoiando a descarbonização e a transição energética da Indonésia, afirmou o Ministério das Finanças.

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Energia eólica: empresas globais se comprometeram com meta de obter 1/4 da energia consumida a partir dos ventos
Energia eólica: empresas globais se comprometeram com meta de obter 1/4 da energia consumida a partir dos ventos (Stockbyte/VEJA)

O Ministério das Relações Exteriores, que supervisiona a participação do Japão no programa no Vietnã, ainda não recebeu informações sobre o papel futuro dos EUA e continuará apoiando os esforços de transição do país, segundo um comunicado separado.

Os EUA haviam prometido contribuir com cerca de US$ 2,1 bilhões em financiamento público para o acordo da Indonésia, quase um quinto do total destinado a esse segmento, segundo o plano de investimentos de 2023.

O presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, sugeriu que o país poderia atingir emissões líquidas zero já em 2050, uma década antes da meta anterior.

O Vietnã está finalizando uma lista de dezenas de projetos prioritários a serem implementados sob seu projeto, segundo o governo.

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Já a África do Sul “permanece totalmente comprometida” com a implementação de seu planejamento, lançado em 2021, e não foi informada sobre quaisquer planos dos EUA de encerrar sua participação, afirmou a presidência do país.

Alemanha e França já forneceram € 1,5 bilhão (US$ 1,6 bilhão) ao Tesouro da África do Sul por meio de seus bancos de desenvolvimento e, com outros parceiros, desembolsaram US$ 630 milhões em subsídios, dos quais US$ 55 milhões vieram dos EUA.

Um acordo do projeto de descarbonização de € 2,5 bilhões para o Senegal, firmado em 2023, já não envolve os EUA.

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