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Mudança do clima: qual é o extremo da consequência climática para humanos?

Pesquisadores da Universidade de Cambridge afirmam que falta informação sobre os efeitos do aquecimento global nos níveis mais perigosos para a sociedade

Por Jennifer Ann Thomas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 ago 2022, 17h21 - Publicado em 3 ago 2022, 14h42

O alarmismo na divulgação de informações sobre o aquecimento global é criticado como estratégia para engajar a sociedade. O pessimismo que ronda as previsões sobre perdas de vidas, desaparecimento de cidades e nações e extinções de espécies pode levar a uma inércia diante da falta de esperança para resolver o problema, ou até a distúrbios psíquicos, como o fenômeno conhecido como ecoansiedade.

No entanto, um grupo de pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, publicou um estudo no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, a PNAS, sobre a falta de informações para entender os mecanismos pelos quais o aumento das temperaturas pode representar um risco catastrófico para a sociedade e a humanidade. No artigo científico, os autores lançam a pergunta: é possível que as mudanças climáticas antropogênicas resultem em um colapso social mundial ou até mesmo em uma eventual extinção humana?

Entre os motivos para a falta de divulgação sobre esse tema, os pesquisadores citaram “a cultura da ciência climática de ‘errar do lado do menor drama’, de não ser alarmista”. Ao mesmo tempo, por mais que os autores reconheçam que a cautela é compreensível, eles defendem que a postura não condiz com os riscos e possíveis danos causados pelas mudanças climáticas.

“A pandemia de Covid-19 sublinhou a necessidade de considerar e se preparar para riscos globais pouco frequentes e de alto impacto e os perigos sistêmicos que eles podem desencadear. O gerenciamento de risco prudente exige que avaliemos minuciosamente os piores cenários”, dizem no estudo.

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De acordo com o autor principal do artigo e pesquisador do Centro de Estudos para Riscos Existenciais de Cambridge, Luke Kemp, há várias razões para acreditar que as mudanças climáticas serão catastróficas. “A mudança climática desempenhou um papel em todos os eventos de extinção em massa. Ajudou a derrubar impérios e moldou a história. Até o mundo moderno parece adaptado a um nicho climático específico”, disse Kemp.

O artigo destaca quatro áreas principais a serem analisadas: fome e desnutrição, clima extremo, conflito e doenças transmitidas por vetores. As alterações nos padrões climáticos e os efeitos na produção de alimentos são efeitos que já afetam grandes produtores de alimentos, como o Brasil.

Além disso, o aumento da temperatura e a maior frequência de eventos extremos podem estimular novos surtos de doenças, motivados também pela expansão de cidades e destruição do habitat da vida selvagem. Com novos conflitos a partir da mudança do clima, há potencial de aumento da desigualdade, desinformação e de riscos políticos a governos democráticos.

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Parte dessa divulgação científica deveria ser feita pelo próprio IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, defendem os autores. Eles acreditam que um relatório especial sobre as consequências catastróficas poderia incentivar mais estudos sobre o tema.

“Enfrentar um futuro de aceleração das mudanças climáticas, permanecendo cego para os piores cenários, é uma gestão de risco ingênua na melhor das hipóteses e fatalmente tola na pior”, disse Kemp.

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