Estudo aponta o dobro de incêndios florestais nos últimos 20 anos
Levantamento indica que os eventos mais extremos ocorreram nos últimos sete anos e atingiram auge em 2023, que foi o período mais quente da história.
Queimadas avassaladoras, como a que destrói atualmente o Pantanal, são cada vez mais frequentes aqui e mundo afora. Os incêndios estão duas vezes mais intenso e frequentes nas últimas duas décadas. O alerta vem de um estudo publicado nesta segunda-feira, 24, pela Revista Nature Ecology and Evolution, realizado pelo especialista em pirogeografia Calum Cunningham, da Universidade da Tasmania. O autor levantou arquivos de imagens de satélite e a partir delas comparou a intensidade das chamas das localidades atingidas. Os eventos mais extremos aconteceram nos últimos sete anos, atingindo o auge em 2023, época com as mais altas temperaturas do globo.
O estudo calcula que 20% dos biomas já foram consumidos pelo fogo em eventos extremos no Amazonas, Austrália, Canadá, Chile, Portugal, Indonésia, Sibéria e oeste dos EUA. As localidades que foram palcos de eventos extremos no planeta pulou de 30,7 milhões para 88 milhões de 2003 para 2023. A elevação da temperatura fez ainda com que as noites ficassem menos frias, o que antes funcionava como uma melhor barreira natural para o fogo. O ano passado, que foi marcado pela presença do fenômeno El Niño e consequentemente pelas temperaturas mais extremas, concentra o registro das maiores queimadas.
As florestas de regiões de latitudes mais elevadas e frias, comumente encontrada no Canadá, na Noruega e na Suécia, conhecidas como coníferas, foram as mais afetadas. Ali, os eventos tornaram-se quase cem vezes mais frequentes. O ressecamento do solo causado pela poluição dos combustíveis fósseis, entre outras ações humanas no meio ambiente, são apontadas como responsáveis por mais da metade dos incêndios ocorridos. Situação similar também passa a Austrália.
Queimadas elevam temperatura
O aquecimento global funciona como combustível para essas catástrofes, que exterminam a fauna, a flora, e impactam de forma violenta a economia assim como a vida das pessoas. Quanto mais quente o ambiente, mais seca a terra, e maiores as condições propícias para o fogo. As queimadas também contribuem com a elevação da temperatura. Fora a radiação das chamas, a região atingida perde ainda mais umidade e a capacidade de resfriamento da terra que tinha no passado – até que consiga se recuperar, o que pode demorar muitos anos. Além disso, a fumaça proveniente das chamas é grande emissor de gases do efeito estufa. É um ciclo que se retroalimenta. Vale lembrar que último grande incêndio do Pantanal aconteceu em 2020. Algumas áreas ainda conseguiram se recompor completamente e já estão passando novamente pela mesma tragédia