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Conheça as medidas tomadas mundo afora nas emergências climáticas

Uso de máscara, fechamento de escolas e restrição de circulação de carros são iniciativas que ajudam a preservar a saúde das pessoas

Por Valéria França Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 set 2024, 18h02 - Publicado em 13 set 2024, 17h53

Quando a qualidade do ar fica muito abaixo do limite recomendado pela OMS, governos locais costumam tomar medidas para diminuir o impacto da poluição na saúde da população. Trata-se de uma resposta praticamente automática do poder público para proteger os eleitores. Em junho do ano passado, por exemplo, o Canadá registrou 150 pontos de incêndios florestais. A fumaça produzida pelo fogo invadiu o país vizinho com tanta intensidade que até a Estátua da Liberdade, em Nova York, foi encoberta por uma névoa laranja. A região chegou a ter 150 pontos no índice de qualidade do ar, registrado pelo IQAir. Oito pontos a menos do que São Paulo atingiu, na última terça-feira, 17, quando recebeu a fumaça das queimadas do Amazonas e do Pantanal. A prefeitura nova-iorquina, na ocasião, distribuiu gratuitamente máscaras à população, recomendou que não fossem feitos exercícios ao livre, e ainda suspendeu aulas em algumas regiões.

Sempre que a temperatura sobe e a qualidade do ar piora na Grécia, o governo determina o fechamento de escolas primárias e creches. A China e a Índia fecham rodovias e chegam ao extremo de paralisar indústrias. As medidas estão diretamente ligadas ao perigo que a poluição tem para a saúde. Há pouco mais de meio século, uma névoa formada por uma mistura de poluição e neblina, também conhecida como o Grande Nevoeiro, cobriu Londres e matou 12 mil pessoas pelo menos. A qualidade do ar na cidade é um problema de saúde pública. A poluição a que os londrinos são submetidos equivalem em toxidade a 150 cigarros em um ano. De acordo com o governo local, anualmente, 9 mil pessoas morrem prematuramente. Mas a cidade conseguiu estabilizar a poluição com política púbica assertiva, que chegou a ganhar prêmios internacionais.

Baixa emissão

A prefeitura estabeleceu no centro da cidade uma região chamada de Zona de Ultrabaixa Emissão (Ulez, na sigla em inglês). Ali, é exigido que os motoristas tenham carros que atendam os níveis de emissão de poluentes determinados pela prefeitura e, no caso de ultrapassarem, pagam obrigatoriamente tarifas diárias de circulação –um incentivo para que automóveis sujões sejam substituídos por outros mais sustentáveis. Muito criticado, o plano do prefeito Sadiq Khan é um sucesso. Diminuiu em 60% a poluição e foi estendido para o resto da cidade.

Nova York também entendeu que é preciso mudar o meio-ambiente. No extremo sul da ilha de Roosevelt, no East River, uma mini floresta está sendo implementada para ajudar a melhorar o microclima local. A Manhatan Healing Forest, como foi batizada, terá fauna e flora diversificada com o objetivo de virar um pulmão para a cidade.

“Além da ação do governo federal, é necessário que os estados e municípios sejam mais atuantes nas políticas ligadas ao meio ambiente”, diz Suely Araújo, especialista em políticas públicas do Observatório do Clima. No Brasil, faltam iniciativas até no cumprimento da lei, que determina que o fogo só pode ser manejado diante da autorização do Estado. “Na atual conjuntura de emergência, deveria haver uma postura mais radical, como proibir o manejo do fogo por pelo menos seis meses.” O Brasil é um dos poucos países que ainda tem essa prática como tradição. Este ano, o país já tem o dobro de focos de incêndios que no ano passado. Está mais do que na hora dos estados e prefeituras colaborarem no incentivo às mudanças de hábitos e estabelecerem novas políticas públicas em reposta à calamidade. A maioria dos incêndios, até agora, foi provocado pela ação do homem.

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