A garota da foto ao lado tem 16 anos e um dado extraordinário na biografia: nestes tempos em que a popularidade é aferida por likes e views, ela contabiliza 102,7 milhões de seguidores no TikTok, o aplicativo mais baixado (tirando a categoria games) neste 2020 de tantos cliques. A americana Charli D’Amelio estreou em 2019 na plataforma chinesa de vídeos curtos, rede social que se transformou em um canhão global de alta potência para lançar manias e modismos. Em março deste ano, ela já aparecia no topo da audiência mundial, sucesso quase instantâneo que conquistou com coreografias rápidas e cheias de molejo, vastamente copiadas. No TikTok a linguagem é assim: as pessoas cantam, dançam, pulam em filmetes de segundos — um minuto nesse universo é uma eternidade. No começo, o TikTok despertava interesse de uma turma muito jovem, mas foi se expandindo e, na mesma batida, se profissionalizou. Influencers de todas as áreas encontraram ali uma caixa de ressonância incomparável e naturalmente as empresas passaram a incluí-lo em sua estratégia de marketing — no Brasil, um dos perfis corporativos de maior sucesso é o do Magazine Luiza, no qual um único post rendeu em agosto 17 milhões de visualizações.
Lançado em 2016 pela chinesa ByteDance, o TikTok havia alcançado até seu último balanço do ano 800 milhões de downloads (35 milhões em solo brasileiro). Concorrente de Instagram, Snapchat e Twitter, a brincadeira não foi freada nem mesmo depois de ter virado objeto de tensões geopolíticas. Em junho, a Índia decidiu bani-lo, junto com outros 58 aplicativos chineses, numa clara afronta a Pequim. O governo de Modi alegava que eles seriam “prejudiciais à soberania, à integridade e à defesa da Índia”. A rede também acabou entrando na guerra travada entre a China e os Estados Unidos, onde o presidente em fim de mandato Donald Trump determinou o encerramento da operação do app em território americano. Segundo ele, o TikTok estaria monitorando os cidadãos a serviço do Partido Comunista da China. Trump abriu uma única brecha: para permanecer em seu país, a ByteDance teria de passá-lo adiante a uma empresa local. Prazos finais foram estabelecidos, desrespeitados e adiados. Um acordo chegou a ser costurado com os gigantes Oracle e Walmart, mas o caso perdeu urgência depois da derrota de Trump nas eleições. Não se sabe para que lado o próximo ocupante da Casa Branca, Joe Biden, vai pender. O certo é que as dancinhas e pulinhos seguirão embalando o planeta.
Publicado em VEJA de 30 de dezembro de 2020, edição nº 2719
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