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Problemas cognitivos podem durar até 2 anos após infecção por Covid

Estudo aponta que dificuldades cognitivas podem evoluir e se tornar condições mais graves, como demência e Alzheimer

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 ago 2023, 19h58 - Publicado em 4 ago 2023, 19h48
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  • Um dos sintomas persistentes da Covid-19 mais relatados é o “nevoeiro mental”, relacionado aos problemas com funções e habilidades cognitivas tais como se concentrar e relembrar memórias. Em curto prazo, pode prejudicar a capacidade das pessoas de realizar suas tarefas diárias, como as atividades profissionais e o cuidado com os filhos, além de afetar a qualidade de vida.

    Já a longo prazo, essas dificuldades cognitivas podem evoluir e se tornar condições mais graves, como demência, incluindo o desenvolvimento da doença de Alzheimer. Estudos recentes comprovam que, de fato, a Covid-19 está relacionada ao aumento do risco de diagnóstico de demência.

    Exatamente por isso, é de suma importância que se dê atenção a esses eventos de nevoeiro mental, compreendendo sua origem, magnitude, frequência e duração. “Eu e meus colegas procuramos entender se a infecção por Covid-19 e a duração dos seus sintomas afetaram o desempenho dos pacientes em testes cognitivos e como se alterou ao longo do tempo”, disse Nathan Cheetham, cientista de dados, pós-doutorado do Departamento de Pesquisas com Gêmeos e Epidemiologia Genética do King’s College, de Londres e autor de um estudo recente sobre o assunto, publicado no The Lancet, que identificou efeitos na função cerebral até dois anos após a infecção.

    Para testar as funções cognitivas, os pesquisadores utilizaram dados do Biobanco de Estudo de Sintomas da Covid, no Reino Unido, e convidaram mais de 8 mil pessoas, com e sem histórico de infecções pelo SARS-CoV2, que apresentaram diversos sintomas de curto e de longo prazo, a realizar uma série de 12 tarefas online para “treinamento do cérebro”.

    Foram duas rodadas de testes. A primeira em julho de 2021, com mais de 3,3 mil pessoas e a segunda em abril de 2022, com outros 2,4 mil participantes, além de 1,7 mil que já haviam realizado o primeiro teste.  O objetivo era avaliar uma série de elementos das funções cerebrais, incluindo memória visual, atenção, raciocínio verbal e controle motor. As tarefas iam de relembrar palavras e formas até repetir sequências de números que apareciam em uma tela. “Nós registramos o nível de acerto dos participantes ao realizarem as tarefas e seus tempos de resposta”, disse Cheetham.

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    Resultados

    “Percebemos que o efeito da Covid-19 sobre o desempenho no teste foi maior entre os participantes que apresentaram sintomas por mais de três meses”, relatou o pesquisador, sobre as pessoas que caracterizam Covid longa.

    Já os participantes que não relatavam mais sintomas e diziam se sentir como antes da infecção, não apresentaram resultados baixos nos testes, comparados às pessoas que não tiveram Covid-19. “É importante observar que apenas uma em cada seis pessoas que tiveram sintomas persistentes se sentia totalmente recuperada”, disse o pesquisador que reforçou que essa recuperação total também se verificou entre participantes que apresentaram sintomas por mais de três meses. “Essa é a boa notícia.”

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    Na segunda rodada de testes, os pesquisadores não observaram alterações significativas de desempenho. “Isso significa que o grupo com avaliações mais baixas em 2021 ainda sentia os efeitos da Covid sobre suas funções cerebrais em 2022, ou seja, até dois anos após sua infecção inicial”, explicou.

    Um levantamento de março de 2023 mostrou que um milhão de pessoas com Covid longa no Reino Unido tiveram dificuldade de concentração e 750 mil apresentaram perda de memória ou confusão mental. “Mesmo com limitações, nosso estudo mostra a necessidade de monitorar as pessoas com funções cerebrais mais afetadas pela Covid, para observar como se desenvolvem seus sintomas cognitivos e fornecer apoio para sua recuperação”, finalizou o pesquisador.

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