A era da pílula digital começou. Na segunda-feira 13, a agência reguladora de remédios dos Estados Unidos, a FDA, aprovou o uso de um comprimido que leva embutido um sensor capaz de informar aos médicos se e quando o paciente tomou o medicamento. O chip tem o tamanho de um grão de areia. É feito de magnésio, cobre e silício, minerais comumente encontrados nos alimentos. Ele começa a funcionar entre trinta minutos e duas horas após a ingestão e, depois disso, é naturalmente absorvido pelo organismo, sem provocar efeito tóxico algum.
Desenvolvida pela Proteus Digital Health, empresa americana especializada em produtos tecnológicos para a área de saúde, em parceria com o laboratório japonês Otsuka, a novidade com ares de ficção científica é a versão moderna de um dos antipsicóticos mais consumidos do mundo, o aripiprazol (cujo nome comercial é Abilify), indicado para esquizofrenia, mas também usado nos casos de depressão severa e transtorno bipolar.
E, como ocorreu, ocorre e ocorrerá com todas as revoluções tecnológicas, ao anúncio das maravilhas apresentadas, abre-se imensa discussão ética. A decisão de usar um recurso de rastreamento interno do corpo humano envolve questões morais delicadas. Evidentemente, o uso do remédio com o chip espião só acontecerá com o consentimento do paciente. Ainda assim, apesar dessa certeza, uma pergunta se impõe: até onde vai o direito de alguém, mesmo um médico ou um familiar, de ter acesso a informações tão íntimas de modo tão invasivo? Ressaltem-se, ainda, a fragilidade e a vulnerabilidade de uma pessoa doente, ansiosa por cura. São dilemas de cunho ético inescapáveis na era da internet, da informação democratizada, da facilidade de acesso a quase tudo e a quase todos.
Assine agora o site para ler na íntegra esta reportagem e tenha acesso a todas as edições de VEJA:
Ou adquira a edição desta semana para iOS e Android.
Aproveite: todas as edições de VEJA Digital por 1 mês grátis no Go Read.