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’13 Reasons Why’ estimula discussão sobre suicídio com jovens, diz estudo

74% dos espectadores adolescentes relataram que pessoas de sua faixa etária lidam com questões similares às apresentadas na série

Por Letícia Passos
29 abr 2018, 13h45
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  • A Netflix divulgou uma pesquisa sobre os impactos causados pela série 13 Reasons Why, lançada há um ano. Realizada pela Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, analisou se a série pode estimular ou não  conversas entre pais e filhos a respeito de questões sensíveis. Os resultados apontam que mais da metade dos entrevistados mudaram seu comportamento em relação a discussão de temas, como bullying, violência sexual e suicídio.

    A série

    A série narra a história Hannah Baker, uma aluna do ensino médio que tira a própria vida e deixa para trás gravações em fita cassete, documentando os 13 motivos de seu suicídio. Embora tenha recebido muitos elogios, a série também foi alvo de críticas e debates sobre a forma com que lidou com assuntos tão delicados.

    A natureza explícita das cenas, que mostram o suicídio e a violência sexual, motivaram conversas no mundo todo sobre o quão apropriado era o conteúdo para jovens espectadores. “Embora muitos adolescentes e jovens adultos tenham tido uma atitude positiva em relação à série, é importante apontar que nem todos tiveram a mesma reação”, informou Alexis Lauricella, co-autora do relatório e diretora associada do Centro de Mídia e Desenvolvimento Humano da Northwestern.

    Resultados da pesquisa

    Intitulada “Explorando Como Adolescentes e Pais Reagiram a 13 Reasons Why, a pesquisa foi encomendado pela Netflix e aprovada pelo Comitê Institucional de Revisão da Universidade Northwestern, que analisou pais, adolescentes e jovens adultos entre 13 e 22 anos em cinco países, incluindo o Brasil, para determinar como o público percebeu, se relacionou e foi influenciado pela série.

    “Decidimos estudar quantitativamente 13 Reasons Why para entender melhor como os adolescentes de hoje estão se engajando e se relacionando com o conteúdo que lida com os problemas que eles estão enfrentando”, disse em nota Ellen Wartella, especialista em relação entre crianças e a mídia e diretora do Centro de Mídia e Desenvolvimento Humano da Universidade Northwestern.

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    Na pesquisa realizada no Brasil, os resultados mostraram que 74% dos espectadores adolescentes e jovens adultos relataram que pessoas de sua faixa etária lidam com questões similares às apresentadas na série. Além disso, cerca de 90% dos entrevistados afirmaram que a série os ajudou a entender como suas ações podem impactar na vida de outras pessoas. A surpresa da pesquisa foi o fato de 60% deles declararem ter se desculpado com alguém a quem haviam tratado mal.

    Como a psicologia enxerga a série?

    O psicólogo André Garcia, que também dá aula de filosofia para o ensino médio, acredita que a série fez os adolescentes perceberem como praticar bullying pode afetar a vítima, que, por sua vez, percebeu que não deve se calar diante de situações assim. Os pais também foram afetados pela série já que se deram conta de que precisam conversar mais com os próprios filhos.

    Entretanto, ele alerta que tudo tem dois lados e com a série não seria diferente. “A  série também pode ser um gatilho para as pessoas que têm tendência ao suicídio, por exemplo. Assim como para quem pratica o bullying, que vai encontrar na série novas formas de perseguir alguém. Ela também pode despertar nos pais a necessidade de se afastar ainda mais dos ‘problemas’ dos filhos por não saberem como discutir temas delicados com eles”, afirmou.

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    Para o psicólogo, é necessário que a televisão traga esses assuntos para discussão, mas é preciso tomar cuidado com a forma como o fazem para não trazer mais prejuízos que benefícios. Aliás, em um dos pontos pesquisados, 75% dos pais disseram que a série deveria ter passado mais informações complementares, como o parecer de profissionais de saúde mental ao final de episódios difíceis.

    Apesar de ter ajudado os espectadores a compreender melhor assuntos como depressão, suicídio, bullying e violência sexual, além de motivar a conversa entre pais e filhos sobre temas importantes, é fundamental lembrar que jamais se deve dispensar a ajuda de profissionais especializados.

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