PT quer se contrapor a Bolsonaro aliviando a fatura dos consignados
Novo governo quer revisar medida eleitoreira do ex-presidente lançando mão de proposta igualmente populista
Numa das medidas eleitoreiras do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a campanha, o governo liberou, em setembro do ano passado, a concessão de empréstimos consignados para beneficiários do Auxílio Brasil, programa social destinado à camada mais vulnerável da população.
À época, a ação foi tratada como uma solução encontrada por Bolsonaro para se aproximar dos mais pobres e tentar evitar a derrota para Lula – o que acabou não funcionando. Em novembro, depois da eleição, o procurador-geral da República, Augusto Aras, defendeu que alguns trechos da proposta são inconstitucionais porque ela permite que um grupo de alta vulnerabilidade econômica comprometa uma parcela significativa da renda mensal.
Agora, o governo de Lula tenta encontrar uma solução para anistiar ou ao menos aliviar a fatura dos consignados. A medida vai ser encampada pelo ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, que recentemente ressaltou que o compromisso de Lula é com os endividados, massa que corresponde a quase 80% da população.
Uma das possibilidades em estudo, e alternativa à anistia total, seria incluir o grupo no Desenrola, programa de renegociação das dívidas que foi uma promessa da campanha de Lula e cuja criação está em fase de finalização.
Reportagem de VEJA desta semana mostra como Lula começa o terceiro mandato abandonando a austeridade fiscal e lançando mão de medidas populistas – uma mistura que costuma resultar num desastre que começa com aumento da inflação, descamba para juros altos e endividamento público e termina em queda do investimento, do emprego e da renda. Resultado: mais pobreza, justamente a chaga secular que Lula pretende erradicar.