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Ministros de Lula vão às ruas para reforçar candidaturas em regiões estratégicas

O objetivo é, com as eleições municipais, pavimentar o terreno para o PT em 2026

Por Valmar Hupsel Filho Atualizado em 26 ago 2024, 15h24 - Publicado em 25 ago 2024, 08h00
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  • Já no primeiro fim de semana de campanha permitido pela legislação eleitoral, no domingo 18, o ministro-chefe de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, circulou pelas ruas do centro de Porto Alegre ao lado de lideranças históricas do PT, como o ex-governador Olívio Dutra, pedindo votos para a postulante do partido à prefeitura de Porto Alegre, a deputada federal Maria do Rosário. No mesmo dia, esteve em Cachoeirinha e Esteio, municípios da região metropolitana, para reforçar candidaturas petistas. Nas três cidades, cumpriu o rito de campanha: cumprimentou eleitores, beijou crianças, tirou fotos e gravou vídeos para serem divulgados nas redes sociais. Ao discursar, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que esteve no Rio Grande do Sul na semana passada, garantiu que todas as famílias atingidas pelas enchentes que castigaram o estado em maio vão receber o Auxílio Reconstrução de 5 100 reais pago pelo governo federal. “Chegou a hora de o time do Lula ocupar as prefeituras, as Câmaras de Vereadores, e nós vamos estar juntos”, anunciou.

    GINGA - Rui Costa com Geraldo Júnior (MDB), em Salvador: dança e pedido de votos
    GINGA - Rui Costa com Geraldo Júnior (MDB), em Salvador: dança e pedido de votos (Adriel Francisco/Divulgação)

    O “time do Lula”, de fato, vem com fome de bola. Além de Pimenta, outros ministros da linha de frente do governo estão nas ruas para emprestar prestígio político e pedir votos a aliados nas disputas municipais. Além do Rio Grande do Sul, os principais focos são a cidade de São Paulo, o cinturão metropolitano em torno da capital paulista e o Nordeste, regiões onde o PT quer manter, ampliar ou recuperar a hegemonia para fortalecer o campo da esquerda nas eleições de 2026, quando haverá a escolha de governadores e Lula, ao que tudo indica, tentará um novo mandato. No início do mês, em reunião ministerial, o presidente autorizou a participação de seu gabinete em campanhas desde que fosse fora do horário de expediente, que o ministro não subisse em palanque crítico ao governo e que não haja ofensas a adversários de siglas que integram a base. Tudo bonito na teoria, resta ver na prática.

    O certo é que a mobilização envolve mesmo muita gente de peso do governo. Na capital paulista, onde a eleição de Guilherme Boulos (PSOL) é considerada uma prioridade, o PT joga todas as suas fichas. Neste fim de semana, Lula deverá participar de atos de rua com Boulos e sua candidata a vice, Marta Suplicy (PT). Também é esperada a participação de ministros importantes como os comandantes da área econômica, Fernando Haddad (ex-prefeito da cidade), e da área política, Alexandre Padilha. A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) é outra que tem se envolvido na campanha de Boulos, cujo partido, o PSOL, forma federação com a Rede, sigla da ministra. Haddad, Marina e Padilha estiveram na convenção que referendou o nome de Boulos, no fim de julho. Padilha também tem feito incursões por cidades do interior do estado, como Araraquara, onde o atual prefeito, Edinho Silva, favorito a comandar o PT a partir de 2025, tenta emplacar uma aliada no cargo.

    arte Ministros Lula

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    Outro que tem feito giros eleitorais por São Paulo é o ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), mas ele tem uma missão especial: ajudar a retomar o comando de São Bernardo do Campo, onde Lula morou e foi seu berço político e do PT. O candidato a prefeito na maior cidade do ABC é Luiz Fernando Teixeira, irmão do ministro. Há a expectativa de que Luiz Marinho (Trabalho), ex-prefeito de São Bernardo do Campo, tire licença do cargo em setembro para se dedicar à campanha. Um dos objetivos é recuperar o “cinturão vermelho”, nome dado à hegemonia petista no entorno da capital, que envolvia o comando de grandes cidades do ABC, além de Guarulhos e Osasco.

    Embora São Paulo seja a “joia da coroa” das eleições municipais, o alvo mais estratégico para o PT no longo prazo é o Nordeste, onde está concentrado pouco mais de um quarto do eleitorado brasileiro e que foi decisivo na eleição presidencial de 2022. Embora a esquerda seja hegemônica há anos na região, não controla hoje nenhuma capital. Lula mandou a campo uma equipe de forte recall eleitoral, formada por ministros que foram governadores e terminaram seus mandatos em 2022 com altas taxas de aprovação. No Ceará, Camilo Santana (Educação) participou, no primeiro fim de semana de campanha, de caminhada no centro de Fortaleza, maior cidade do Nordeste, ao lado do candidato Evandro Leitão (PT). O ministro foi a atos de campanha também em Sobral, berço político dos irmãos Cid e Ciro Gomes, para apoiar a ex-governadora e ex-secretária-executiva do MEC, Izolda Cela (PSB), que tenta a prefeitura. No Piauí, Wellington Dias (Desenvolvimento Social) esteve na convenção do postulante à prefeitura de Teresina, Fábio Novo (PT), e gravou mais de 130 vídeos de apoio a candidatos. Um dos homens fortes do governo, o ministro Rui Costa (Casa Civil) hesitou, mas entrou na campanha de Geraldo Júnior (MDB), em Salvador. Mesmo após dizer que não poderia estar presente, apareceu de surpresa na convenção, dançou e discursou pedindo votos ao aliado.

    PRIORIDADE - Haddad e Marina com Boulos: ao lado de Lula, ministros irão às ruas para a disputa da maior cidade do país
    PRIORIDADE - Haddad e Marina com Boulos: ao lado de Lula, ministros irão às ruas para a disputa da maior cidade do país (Leandro Paiva/.)
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    A tragédia climática que devastou o Rio Grande do Sul entre abril e maio deste ano também colocou uma prioridade no mapa eleitoral do PT. O partido e Lula viram na intervenção federal necessária para ajudar a reconstruir centenas de cidades uma possibilidade de fortalecer a posição do governo e, por extensão, de seus aliados em uma região histórica para o PT. A decisão de colocar Paulo Pimenta como ministro especial da reconstrução fez do deputado gaúcho um articulador essencial da eleição — ele deve ganhar musculatura para tentar o governo do estado que o PT já governou duas vezes, com Olívio Dutra e Tarso Genro. A campanha de Maria do Rosário na capital gaúcha — que o petismo administrou por quatro mandatos seguidos entre 1989 e 2004 — usa slogan semelhante ao do governo federal (“Fé, União e Reconstrução”).

    As armas nas mãos da tropa de elite de Lula são velhas conhecidas: recursos públicos para obras, linhas de crédito com juros baixos e programas sociais. Na semana passada, ao lado de Pimenta, Lula fez a quinta visita ao estado desde a tragédia: entregou moradias do Minha Casa, Minha Vida, obras viárias e unidades de saúde. Em São Leopoldo, prometeu que o esforço era só o começo. “Vou voltar aqui para inaugurar mais coisas”, anunciou o presidente (leia mais na reportagem da pág. 32). Pimenta lembrou que 44 000 moradores (a cidade tem 217 000) receberam auxílio de 5 100 reais do governo. “Foi a mão do presidente Lula que esteve estendida ao povo gaúcho desde o início da enchente”, disse, ecoando uma pregação que tem levado aos municípios gaúchos.

    JANELA ABERTA - Paulo Pimenta: tragédia mudou perspectiva eleitoral
    JANELA ABERTA - Paulo Pimenta: tragédia mudou perspectiva eleitoral (Lucas Leffa/@pimenta13br/Instagram)
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    A participação de ministros em campanhas tem um efeito importante, que é mostrar prestígio político do candidato local. “Simbolicamente, é quase uma indicação da presença do próprio presidente Lula. Isso, para os candidatos, significa boas relações com o governo federal e poder”, afirma o cientista político Rodrigo Prando, da Universidade Mackenzie. A principal motivação para o envolvimento do gabinete de Lula nas eleições municipais é preparar terreno para construir uma base mais sólida no Congresso na eleição de 2026. Prefeitos e vereadores são importantes cabos eleitorais de candidatos ao Legislativo, onde o governo petista enfrenta dificuldades de todo o tipo. O exército de ministros nas ruas, portanto, visa de imediato conquistar territórios, mas o grande objetivo é preparar o campo para a dura batalha que virá.

    Publicado em VEJA de 23 de agosto de 2024, edição nº 2907

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