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Bolsonaro ameaça com ‘pau de arara’ ministro que se envolver em corrupção

Aparelho foi usado para a tortura durante a ditadura militar; é a segunda vez que o presidente ameaça servidores com equipamentos usados na repressão

Por Da Redação 12 dez 2019, 19h49

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira, 12, que colocará “no pau de arara” o ministro que eventualmente tiver comprovado seu envolvimento em casos de corrupção, fazendo referência a um dos instrumentos de tortura usados por agentes da ditadura militar que governou o Brasil de 1964 a 1985.

Em discurso em Palmas, capital do Tocantins, Bolsonaro, que é declarado admirador do período militar, reconheceu que existe a possibilidade de haver casos de corrupção em seu governo, mas garantiu que eventuais irregularidades não serão toleradas. “Pode ser que haja corrupção no meu governo? Sim, pode ser que haja. Pode ser que haja e o governo não saiba”, disse ao criticar governos anteriores, aos quais acusou de corrupção.

“Se aparecer, boto no pau de arara o ministro, se ele tiver responsabilidade, obviamente. Às vezes, lá na ponta da linha, está um assessor fazendo besteira sem a gente saber. Mas isso é obrigação nossa, é dever”, afirmou.

Não é a primeira vez que o presidente faz uma referência a algum equipamento de tortura usado na ditadura militar para ameaçar funcionários do governo. No início de novembro, ele ameaçou mandar para a “ponta da praia” servidores que atrapalhassem medidas de desenvolvimento do país, se referindo no caso à concessão de licenças ambientais. “Eu tenho ascendência (sobre órgãos de fiscalização), porque os diretores, o presidente, têm mandato, porque se não tivessem, eu cortava a cabeça mesmo. Quem quer atrapalhar o progresso vai atrapalhar na ponta da praia, aqui não”.

Na ditadura, militares usavam o termo “ponta de praia” para se referir à base da Marinha na Restinga de Marambaia (RJ), para onde eram encaminhados opositores do regime marcados para morrer. “Era um centro de tortura de onde dificilmente se saía vivo. Muitos dos ‘desaparecidos’ da ditadura militar passaram por aquelas instalações”, disse à época a Ascema, entidade que reúne funcionários de carreira do Ministério do Meio Ambiente, em nota.

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Preço da carne

O presidente também voltou a descartar um tabelamento do preço da carne diante da alta recente do produto em consequência do aumento das exportações para a China, e afirmou que países árabes também estão interessados em aumentar a compra de commodities agropecuárias do Brasil.

“O pessoal reclamando do preço da carne. A China está comprando, aumentou o preço no Brasil. Vamos lá: ou apoiamos o livre mercado ou não apoiamos. Tabelar, eu não vou tabelar”, disse em discurso. “Isso já não deu certo lá atrás. É uma chance para aqueles que criticam o homem do campo comprarem um pedaço de terra e criar boi. Vai lá para ver a moleza que é”, acrescentou.

Bolsonaro já havia comentado sobre a alta recente do preço da carne esta semana, dizendo que o aumento se deve a uma combinação de entressafra com um elevação das exportações, e apontando para uma queda em breve.

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O Brasil, maior exportador global de carne bovina, está vendendo cada vez mais para a China diante da alta da demanda chinesa devido ao surto de peste suína africana na criação de porcos do país asiático, o que faz com que os consumidores brasileiros paguem mais pelo produto nos açougues do país. Em novembro, a inflação oficial do Brasil registrou aceleração e o resultado mais alto em quatro anos, a 0,51%, com forte impacto da alta dos preços das carnes.

Caixa

No discurso desta quinta-feira,  Bolsonaro também comentou a recente redução dos juros cobrados pela Caixa no cheque especial e no financiamento imobiliário, e disse que os bancos privados terão que seguir o mesmo caminho para não perderem clientes.

(Com Reuters)

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