O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta foi ouvido nesta terça na CPI da Covid-19. No depoimento de mais de sete horas, ele confirmou os desencontros com Jair Bolsonaro na condução das políticas contra a crise sanitária, pontuando que o presidente tinha ‘assessoramento paralelo‘ para assuntos relacionados à pandemia. Em resposta a essa fala, senadores da oposição pediram que o filho do presidente Carlos Bolsonaro seja ouvido pela comissão.
Mandetta contou ainda que Bolsonaro queria que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alterasse a bula da cloroquina, com ineficácia cientificamente comprovada, para que o medicamento fosse indicado no tratamento da Covid-19. De acordo com o ex-ministro, o pedido foi negado pelo presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres.
Em uma resposta ao relator Renan Calheiros, Mandetta disse que o pedido para produção do medicamento pelo Exército “não partiu do Ministério da Saúde”. Ele apresentou à comisão uma carta que teria enviado a Bolsonaro em março de 2020 com alertas sobre a gravidade da pandemia, que teriam sido ignorados por Bolsonaro, e revelou a recusa do governo a planejar uma campanha oficial contra a Covid-19.
O ministro da Economia Paulo Guedes também foi alvo de críticas. “Ele só dizia: ‘já mandei o dinheiro, agora se vira lá, vamos tocar a economia”, disse, apontando que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Netto, era mais atencioso para lidar com temas relacionados ao avanço do vírus.
Após Mandetta, seria a vez de Nelson Teich, seu sucessor na pasta, falar. O depoimento, no entanto, foi remarcado para quarta-feira.
Integrantes da CPI passaram os últimos dias preparando as perguntas aos depoentes. Na quarta-feira seria a vez de Eduardo Pazuello, que comandou a Saúde em grande parte da pandemia. Ele alegou suspeita de Covid-19 e avisou que não vai depor. O depoimento foi adiado para o dia 19.
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