Hezbollah diz que resposta a ataque atribuído a Israel é ‘inevitável’
Líder do grupo afirmou que assassinato do número dois do Hamas, Saleh al-Arouri, em Beirute, mudou a natureza do conflito
O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, disse nesta sexta-feira, 5, que o assassinato do número dois da ala política do Hamas, Saleh al-Arouri, em Beirute, capital do Líbano, mudou a natureza do conflito entre a milícia armada e Israel, acrescentando mais uma vez que uma resposta é “inevitável”.
Essa é a segunda vez em três dias que Nasrallah vai à rede nacional libanesa para mandar um recado aos israelenses, que por sua vez não negaram nem assumiram a autoria do assassinato, mas disseram que seus militares estavam prontos para qualquer eventualidade.
O líder do grupo financiado pelo Irã afirmou também que todo o território libanês ficaria “exposto” caso não houvesse uma retaliação, o que aumenta os temores de uma escalada do conflito na região.
Segundo Nasrallah, as atuais operações do Hezbollah no sul da fronteira do Líbano com Israel abriram uma “oportunidade histórica” para o Líbano retomar as terras integradas ao território de Israel que reivindica há algum tempo.
“Para aqueles que exigem saber por que estamos a lutar no sul, somos obrigados a responder. Existem dois objetivos nesta frente: pressionar o inimigo e o seu governo a cessar a agressão contra Gaza e aliviar a pressão sobre a resistência (do Hamas) em Gaza”, justificou.
“A guerra hoje não é apenas para a Palestina, mas também para o Líbano, em particular a região a sul do rio Litani”, acrescentou.
O Hezbollah lançou 670 ataques contra Israel nos últimos três meses, a uma taxa média entre seis a sete por dia, de acordo com Nasrallah.
+ Líbano presta queixa contra Israel ao Conselho de Segurança da ONU
O pronunciamento ocorreu no momento em que o Líbano protocolou uma queixa formal ao Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre as incursões israelenses no espaço aéreo do país para atacar alvos na Síria, além do ataque que levou à morte do número dois do Hamas.
A queixa, contudo, é em grande parte simbólica, já que a probabilidade de qualquer punição ou ação tangível contra Israel por parte do Conselho de Segurança é baixíssima.
Fim da solução diplomática?
Pouco antes da virada do ano, o ministro sênior israelense Benny Gantz, membro do gabinete emergencial de guerra, afirmou que a situação da fronteira do país com o Líbano “precisa mudar”, indicando a possibilidade de uma escalada militar com o grupo armado Hezbollah.
+ Israel alerta para escalada bélica com Líbano por confrontos na fronteira
A repórteres, Gantz disse que a chance de uma solução diplomática para as disputas entre Israel e grupos armados no sul do Líbano está se afastando cada vez mais.
“A situação na fronteira norte de Israel precisa mudar”, disse Gantz em entrevista coletiva. “O cronômetro para uma solução diplomática está se esgotando, se o mundo e o governo libanês não agirem para impedir os disparos contra os residentes do norte de Israel e para distanciar o Hezbollah da fronteira, os [militares israelenses] farão isso”.