O Kremlin negou nesta sexta-feira, 26, que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, estaria aberto a negociações com os Estados Unidos para o fim da guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022. A afirmação foi sugerida na véspera pela emissora americana Bloomberg, que citou duas fontes do governo russo, mas sem revelar suas identidades. Segundo a reportagem, Putin estaria “testando terreno” ao contatar canais indiretos americanos, cogitando abrir mão de exigências anteriores.
O texto alega que o líder russo “pode estar disposto a considerar abandonar a insistência no estatuto de neutralidade para a Ucrânia e até mesmo abandonar a oposição a uma eventual adesão à Otan – cuja ameaça tem sido uma justificação central russa para a invasão”. Questionado por jornalistas nesta sexta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, bradou que a matéria “não corresponde à realidade em absolutamente nada”.
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‘Sinais’ de Putin
Os repórteres da Bloomberg perguntaram a autoridades americanas se o recado de Moscou havia sido recebido. A representante do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Adrienne Watson, afirmou não ter conhecimento dos “sinais” de Putin. Ela faz coro ao resto dos funcionários do governo dos Estados Unidos, que dizem que o presidente russo não leva a sério as negociações.
“Ele está realmente disposto a parar nas posições atuais… Ele não está disposto a recuar um metro”, contrapôs um alto funcionário russo, segundo a Bloomberg.
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Reportagem do NYT
Não é a primeira vez que um veículo de imprensa relata tentativas de Putin em selar um acordo de cessar-fogo. Em dezembro, o jornal americano The New York Times indicou que Moscou deu seus primeiros passos neste sentido em setembro, citando dois ex-altos funcionários russos. Autoridades americanas alegaram, ainda, que o desejo incipiente por uma trégua já se mostrava presente em 2022, depois da Ucrânia ter colecionado vitórias no nordeste do país. Para Putin, bastava o território já conquistado, de acordo com as fontes.
No entanto, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, não deve aceitar os termos desse acordo, uma vez que se opõe a ceder qualquer parte do país para os russos. Acredita-se também que o suposto aceno teria como objetivo dispersar o foco de Kiev, sem refletir uma disposição genuína para um acordo de longo prazo. Washington teria expressado preocupações, além disso, sobre a propensão de Putin em rapidamente mudar de ideia, caso as forças russas ganhem espaço no campo de batalha.