O Ministério do Meio Ambiente da Índia anunciou novas restrições que proíbem o comércio de gado envelhecido e improdutivo para o abate e a venda de bovinos para entretenimento. A norma também estabelece padrões mínimos para habitação e transporte dos animais. A medida irá prejudicar gravemente a indústria bovina do país, maior exportador de carne vermelha do mundo, e gerou protestos em alguns estados.
O abate às vacas já é ilegal em vários estados indianos, mas a medida amplia as restrições para outros animais, como os búfalos, principal carne exportada pelo país – só no ano passado, a exportação da carne do búfalo atingiu 4,1 bilhões de dólares (cerca de 13 de bilhões de reais).
A justificativa para as restrições está no hinduísmo. De acordo com dados oficiais do governo, 80,5% da população indiana é hindu e considera a vaca um animal sagrado. Todavia, os principais afetados pela medida serão os muçulmanos, principal grupo minoritário do país (com 13,4% da população), que não possui qualquer tipo de restrição à carne bovina e, em sua maioria, são comerciantes de gado.
A medida gerou protestos, intitulados de “festivais de carne”, realizados no estado de Kerala no fim de semana. Na ocasião, uma vaca foi abatida em público como forma de desafiar as proibições do governo. Manifestantes muçulmanos também foram às ruas no estado de Tamil Nadu para protestar contra as restrições.
O porta-voz da Associação dos pecuaristas e exportadores de carne indianos, Fauzan Alavi, disse em entrevista ao The Guardian que se estima que as restrições possam implicar na perda significativa de empregos da indústria, em torno de 2,5 milhões de vagas, a maioria delas ocupadas por muçulmanos ou Dalits, casta discriminada no país.
Desde a eleição do primeiro-ministro, Narendra Modi, em 2014, vários estados reforçaram as punições por crimes contra estes animais. No estado de Gujarat, quem mata uma vaca pode ser condenado à pena de morte.