Uma pesquisa britânica revelou que pessoas mais velhas estão lidando melhor do que as jovens com a tensão mental e emocional causada pela pandemia de coronavírus. O estudo com 60.000 pessoas feito pela da University College London (UCL) foi detalhado nesta quinta-feira, 9, pelo o jornal britânico The Times.
Apesar de estarem mais expostas a doenças e integrarem o chamado grupo de risco da Covid-19, pessoas com mais de 60 anos relataram níveis de satisfação com a vida maiores durante o confinamento, entre 6 e 6,5, enquanto pessoas entre 18 e 24 anos estão entre 4 e 4,5 e dizem sofrer mais com a solidão e tristeza. O estudo usa a medida padrão de relato de bem-estar usada em estudos do Escritório de Estatística Nacional (ONS, na sigla em inglês), que em março do ano passado, bem antes da pandemia, mostrou que os níveis de satisfação dos ingleses estava em torno de 7,5 em média.
O estudo concluiu ainda que, assim como no Brasil, onde um grande número de jovens foi visto no último fim de semana passeando em orlas, praças e grandes avenidas, na Inglaterra os idosos também são mais obedientes às recomendações de isolamento social – dois terços do total de entrevistados relataram seguir totalmente as normas.
Além disso, os idosos relataram realizar mais exercícios do que as faixas etárias mais jovens, apesar de essa ser uma das poucas razões legítimas para sair de casa. Pouco mais de um terço (36%) relatou fazer uma caminhada ou outro exercício suave por pelo menos 30 minutos, com 39% não fazendo nenhum tipo de atividade física.
A pesquisa está em sua terceira semana. Daisy Fancourt, professora de epidemiologia na UCL, disse que o estresse relacionado a dinheiro e alimentação diminuiu nos últimos 15 dias, enquanto o temor de contrair a doença cresceu. O estudo ainda constatou que o estresse é maior entre adultos de 30 a 59 anos.
“Houve um ligeiro aumento na depressão nas últimas duas semanas, mas felizmente uma ligeira diminuição nos níveis de ansiedade entre o público em geral”, disse Fancourt, que considera que o rigor com as medidas de distanciamento social parecem ajudar a população a se sentir mais segura e calma.
ASSINE VEJA
Clique e AssineAndrew Steptoe, professor de psicologia e epidemiologia na UCL, considera que o estudo não é amplamente representativo, uma vez que os participantes optaram por participar, mas afirma que os dados ajudam a dar uma “visão geral de como as pessoas estão se sentindo e lidando durante o bloqueio e nos permite acompanhar as mudanças ao longo do tempo à medida que a situação evolui.”