China expressa apoio à Rússia em campanhas internas
Se na política externa a narrativa é de neutralidade dentro do país Vladimir Putin é visto como um herói necessário contra a influência do Ocidente
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro, a China tem exibido um jogo diplomático em que hora defende a integridade dos países, ora culpa os Estados Unidos pelo conflito.
Internamente, porém, o Partido Comunista Chinês está promovendo uma campanha que desenha a Rússia como uma vítima do Ocidente. E defende os laços entre chineses e russos como uma aliança estratégica.
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Entre as medidas já colocadas em prática, Pequim tem exibido documentários que exaltam o líder russo, Vladimir Putin.
Os vídeos apontam Putin como alguém que regatou a Rússia após o colapso da União Soviética. Com música e cenas pitorescas de Moscou, o vídeo afirma que Putin resgatou o orgulho do passado russo.
Em todo o país, os comunistas organizaram audiências para que o documentário fosse amplamente divulgado e discutido.
Concluído no ano passado, o filme não aborda a guerra da Ucrânia, mas defende a ideia de que os russos devem se preocupar com vizinhos que se afastaram após a queda soviética.
“A arma mais poderosa que o Ocidente possui é, além das armas nucleares, os métodos que eles usam na luta ideológica”, diz o narrador da filmagem.
Já nas universidades chinesas, a máquina de propaganda se mostra através de aulas com uma “compreensão correta da guerra”. Entre os tópicos principais, queixas da Rússia contra o Ocidente.
Nos jornais, o panorama é o mesmo. Há uma série de matérias que culpam os Estados Unidos pelo conflito.
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Ainda não está claro se as recentes acusações de genocídio na cidade ucraniana de Bucha vão mudar essa postura. Mas, até o momento, não houve uma manifestação clara contrária à guerra.
E, apesar da crescente pressão de líderes globais, a China preferiu seguir neutra.
Na última quinta-feira (31), o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, expressou compromisso com os russos e reiterou os laços entre durante encontro com o chancelar da Rússia, Sergey Lavrov.
Desde o início da guerra, o governo de Joe Biden colocou a invasão como um conflito entre a democracia e o autoritarismo.
Isso, segundo especialistas, tem feito a China pensar numa contra-narrativa que aponte que a dominação e influência mundial americana como causadoras de destruição.
O documentário reforça esse discurso, servindo de aviso para que chineses não sejam seduzidos pelo liberalismo ocidental.
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