O brasileiro Kayke Luan Ribeiro Guimarães, de 22 anos, foi condenado pela Justiça da Espanha nesta terça-feira a oito anos de prisão por integrar organização terrorista.
O jovem está entre os dez membros de uma célula terrorista ligada ao Estado Islâmico formada na cidade de Tarrasa, na Catalunha.
Guimarães, natural de Goiás, foi preso pela polícia da Bulgária em 2014 quando tentava atravessar a fronteira com a Turquia para se unir às fileiras do Estado Islâmico na Síria. Foi extraditado para a Espanha em 2015 e desde então aguardava julgamento.
Segundo nota oficial da Audiência Nacional espanhola, os integrantes do grupo “fotografaram lugares emblemáticos de Barcelona que pensavam em atacar e propuseram sequestrar uma pessoa, vesti-la com um macacão laranja e executá-la enquanto gravaram tudo”.
Três dos dez réus que formavam a organização foram condenados a doze anos de prisão por dirigirem uma organização jihadista, enquanto os outros sete, entre eles o brasileiro, receberam pena de oito anos, por serem considerados apenas participantes.
Ainda segundo a nota oficial da Justiça espanhola, a célula se formou em uma mesquita na cidade de Tarrasa, ao norte de Barcelona, no início de 2014. Muçulmanos radicais que frequentavam o local convocavam e doutrinavam os jovens da comunidade, entre eles Kayke.
O grupo se autodenominava “Fraternidade Islâmica, grupo para a pregação da Jihad”. Há entre os integrantes da célula espanhóis e marroquinos, além do brasileiro.
Prisão
Guimarães, natural de Formosa, no Estado de Goiás, foi preso em dezembro de 2014 quando tentava atravessar a fronteira entre a Bulgária e a Turquia, em viagem à Síria. No início de 2015 foi extraditado para a Espanha, junto com outros dois marroquinos, de 25 e 27 anos.
Após a chegada a Madri, a Justiça espanhola determinou a prisão preventiva por considerar que havia indícios suficientes de que os três integravam uma organização terrorista. Eles estavam sendo investigados desde junho de 2014 por suspeita de que haviam iniciado um processo de radicalização e divulgado mensagens a favor da guerra santa.
Antes da prisão, o jovem vivia com sua família na Catalunha e supostamente trabalhava no ramo de hotelaria. Os familiares de Kayke negam sua relação com o terrorismo e, segundo a emissora GloboNews, vão recorrer da sentença decretada nesta terça.
Em nota, o Itamaraty afirmou que vem acompanhando o caso do brasileiro desde a sua prisão em 2014 e que Kayke contou com advogado particular desde o início de seu processo.
“Agentes consulares brasileiros realizaram visitas aos estabelecimentos prisionais em que o brasileiro se encontrou detido, prestando-lhe assistência, verificando seu estado de saúde e mantendo contato com sua família”, diz o comunicado.
Planos
O grupo terrorista catalão continuou a atuar mesmo após a prisão do brasileiro e dos dois marroquinos. O líder da organização, Antonio Saéz, planejava desde o início de 2018 realizar um atentado contra o Parlamento de Barcelona e falava em construir explosivos caseiros para o ato. De acordo com a Audiência Nacional, junto com outros membros também fotografava outros lugares emblemáticos da capital da Catalunha com intenção de planejar ataques terroristas.
Entre os locais fotografados estavam a Plaza de España, no centro da cidade, e o Hotel Arts, no Porto Olímpico. Os dois pontos recebem grandes quantidades de turistas em todas as épocas do ano.
Os terroristas também planejavam sequestrar uma pessoa, um banqueiro ou um judeu, para executá-lo na frente das câmeras e postar o vídeo no YouTube, segundo a nota oficial da Justiça. Depois disso, queriam viajar à Síria. O grupo, contudo, já estava sendo vigiado pela polícia e foi preso alguns dias depois de começar a planejar seus ataques.